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Novo estudo joga luz sobre ritual funerário medieval de sepultamento em camas
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Novo estudo joga luz sobre ritual funerário medieval de sepultamento em camas

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Aventuras Na História
17/06/2025 14h15
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Ao longo da história, estudos de arqueologia documentaram diversos sepultamentos medievais em camas por toda a Europa, o que por muito tempo levou pesquisadores a pensar que essa se tratava de uma tradição única. Agora, um novo estudo esclarece mais a prática, e demonstra que ela pode ter sido mais complexa e variada, evoluindo em diferentes regiões e contextos sociais.

Segundo o Archaeology News, a prática de sepultamento em camas abrangeu desde o século 6 ao início do século 10, sendo encontrado na Alemanha, Inglaterra e Escandinávia, sendo associado principalmente a mulheres de alto status durante o início do período anglo-saxão.

E para o novo estudo, publicado no European Journal of Archaeology e liderado pela dra. Astrid Noterman, foram examinados não apenas os leitos, mas também sua localização, os artefatos circundantes e a identidade dos indivíduos ali enterrados.

Essa pluralidade não se limita a regiões ou épocas, mas também pode ser encontrada nos próprios cemitérios", escreve a pesquisadora na publicação. "Portanto, parece necessário desviar o foco da pesquisa sobre sepultamentos em leitos de uma única categoria e começar a falar sobre práticas, no plural".

Diferentes detalhes

Conforme descreve a dra. Noterman no estudo, os enterros em camas encontrados na Alemanha geralmente ocorriam em cemitérios comuns, sem quaisquer características marcantes, como a orientação uniforme dos túmulos. Esses sepultamentos geralmente tinham camas simples de madeira e objetos funerários relativamente modestos, como anéis ou tigelas de madeira.

Outros enterros mais elaborados, por sua vez, ainda incluíam artefatos como liras, candelabros ou até mesmo cadeiras de casal. Além disso, vale mencionar que as mulheres eram frequentemente enterradas com instrumentos de tecelagem, sendo esse um elo simbólico entre os papéis domésticos e o ritual fúnebre.

Já na Inglaterra, os enterros em camas frequentemente envolvem leitos que foram desmontados e, às vezes, colocados dentro de antigos montes funerários, que eram reutilizados muito tempo após sua construção original. Apesar de a maioria dos enterros do tipo serem de mulheres, um exemplo masculino foi encontrado em Lapwing Hill, em Derbyshire, na Inglaterra.

Vale destacar que, após realizar uma análise de isótopos estáveis, a pesquisadora descobriu que indivíduos enterrados em locais como Trumpington e Edix Hill não cresceram na região; logo, o enterro em camas pode ter sido introduzido na Grã-Bretanha por migrantes continentais.

Por fim, os exemplos escandinavos chamavam atenção especialmente pelos enterros em navios, encontrados em Oseberg e Gokstad, que diferem das tradições inglesa e germânica.

Frequentemente estas sepulturas eram localizadas próximas a cursos d'água, tornando-as mais visíveis, e continham bens funerários ricos, demonstrando status e poder. Foi descoberto que as duas mulheres encontradas em Oseberg, por exemplo, eram originárias da região do Mar Negro, refletindo mais uma vez os possíveis contatos interculturais de práticas funerárias.

Por fim, vale mencionar também que o estudo se baseia em campos emergentes de pesquisa, como a chamada "arqueologia do afeto", que sugere que os sepultamentos em camas teriam também mensagens emocionais e simbólicas aos vivos.

Além disso, a dra. Noterman ainda destaca que as camas eram presentes em todas as principais fases da vida — nascimento, doença, casamento e morte —, de forma que a presença de camas em sepultamentos pode ter sido não meramente prático ou simbólico, mas também uma forma de comunicação, em contextos cristãos ou da elite escandinava.

Com isso, o estudo promove uma consideração mais sutil sobre os rituais funerários medievais, levando à reconsideração de que os enterros em camas não eram um costume único, mas praticado de maneira variada, moldado por fatores regionais, sociais e emocionais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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