O mistério sobre o desaparecimento de Saint-Exupéry

Aventuras Na História






Muitos não sabem, mas o francês Antoine de Saint-Exupéry, autor de um dos livros mais conhecidos da literatura mundial, "O Pequeno Príncipe", foi também piloto de avião. Na verdade, quando, em 1943, Saint-Exupéry publicou o clássico que encantaria gerações, sua carreira como aviador já estava consolidada. Não a toa, o tema da aviação aparece nesta e em obras mais antigas do escritor, como "Terra dos Homens", de 1939.
Nascido em 29 de junho de 1900, em Lyon, Saint-Ex, como era conhecido por amigos, foi um dos pioneiros da aviação comercial, tendo participado ativamente da criação das rotas de correio aéreo que conectavam Europa, África e América do Sul, em uma época em que voar ainda era uma aventura bastante arriscada. Mas, apesar de sua coragem e habilidade como piloto inquestionáveis, o escritor teve um fim até hoje sem explicação.
Segunda Guerra
Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1939, Saint-Exupéry se alistou na Força Aérea Francesa e voou em missões de reconhecimento. Com o armistício entre França e Alemanha, exilou-se nos Estados Unidos e, lá, viveu um período de isolamento e profunda melancolia.

Mesmo acima da idade permitida, Saint-Ex conseguiu retornar ao serviço militar em 1943, pilotando um P-38 Lockheed Lightning — uma aeronave bem mais sofisticada do que as que ele havia operado até então.
Porém, em sua segunda missão, a aeronave falhou e caiu, o que lhe rendeu uma suspensão de oito meses. Durante esse período, viu seu nome ser publicamente atacado por Charles de Gaulle, que o acusou de simpatizar com os nazistas.
Fragilizado por questões de saúde, alcoolismo e depressão, Saint-Ex entrou então em um período sombrio. Mesmo assim foi liberado para retornar ao serviço.
A última missão
Em 31 de julho de 1944, às 8h45, Antoine partiu da Córsega em sua última missão de reconhecimento e nunca mais foi visto.
De acordo com o portal Plane & Pilot, até hoje, o que aconteceu com o piloto é um grande mistério. Uma hipótese diz que Saint-Ex teria sido abatido por forças inimigas. Oito dias antes de desaparecer, ele havia encontrado uma frota de aviões alemães, mas foi poupado na ocasião.
Outras teorias sugerem imprudência, já que o piloto tinha fama de desprezar a complexidade técnica das aeronaves e, segundo relatos, chegou a ler enquanto pilotava.
Ele já havia, inclusive, sobrevivido a diversos acidentes, incluindo um que quase lhe tirou a vida no deserto da Líbia em 1935. Em outra ocasião, voou acidentalmente a mais de 10.000 metros de altitude, em vez de 10.000 pés, sem máscara de oxigênio, chegando a desmaiar por hipóxia.
Partida premeditada?
Enquanto alguns acreditam que sua morte tenha sido consequência de um acidente causado por erro humano ou falha técnica, outros vão mais longe e veem nela uma atitude desesperada de alguém exausto física e emocionalmente.
"O Pequeno Príncipe", que conta a história de um viajante intergaláctico que no final desaparece misteriosamente, é visto por muitos como um prenúncio de sua própria partida.

Relatos de pilotos alemães que avistaram o escritor pouco antes de sua última missão indicam que ele não desviava o curso ao encontrá-los — como se não temesse ser atingido, ou até desejasse. Era sua última missão programada. Para alguns, isso reforça a ideia de que Saint-Ex escolheu conscientemente seu fim.
Destroços
Foi somente em 1998 que pistas sobre o caso começaram a surgir. Naquele ano, um pescador na costa de Marselha encontrou uma pulseira de prata com o nome de Saint-Exupéry em uma de suas redes.
Pouco depois, destroços de um P-38 foram localizados no fundo do mar, e o número de série confirmou: era o avião do francês. A descoberta teve repercussão mundial e chegou aos ouvidos do alemão Horst Rippert.
Ele revelou que, em 31 de julho de 1944, teria abatido um P-38 na região onde os destroços foram encontrados. Disse que se sentiu arrasado ao saber que poderia ter matado seu autor favorito, alguém que ele admirava profundamente. Por vergonha, manteve o segredo por mais de cinquenta anos.
Investigações posteriores, no entanto, não encontraram marcas de tiros nos destroços, nem qualquer evidência que confirmasse sua versão. A única certeza é que o avião atingiu o mar na vertical, a uma velocidade estimada de 800 km/h.


