Home
Notícias
O naufrágio descoberto em Israel com símbolos cristãos e islâmicos
Notícias

O naufrágio descoberto em Israel com símbolos cristãos e islâmicos

publisherLogo
Aventuras Na História
30/05/2025 15h00
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16535153/original/open-uri20250530-18-wqetx8?1748617367
©Divulgação/Universidade de Haifa
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

Um navio soterrado por séculos na areia rasa do Mediterrâneo obrigou arqueólogos a repensar a história quando dois membros do kibutz Ma’agan Michael, perto de Haifa, notaram destroços intrigantes em 2015.

As ondas logo esconderam tudo de novo, mas a Universidade de Haifa conseguiu iniciar escavações em 2016 e revelou uma embarcação extraordinariamente bem preservada, encravada a menos de 30 metros da costa. Da madeira às ânforas que levava, o achado exibia marcas simultâneas da fé cristã e também da fé islâmica.

Ânforas cheias

Os pesquisadores do Instituto de Estudos Marítimos descobriram 103 ânforas greco-romanas entre os destroços ainda cheias de produtos agrícolas, como azeitonas, tâmaras, figos, uvas, passas, pinhões e até espinhas de peixe. Seis tipos distintos de recipientes foram encontrados no local, sendo que dois deles jamais tinham sido catalogados em Israel.

Além disso, gravadas nas argilas e talhadas no casco surgiam cruzes, o nome de Alá em árabe e pequenas inscrições gregas — o que indica que mercadores cristãos e muçulmanos partilhavam rotas naquela época.

Ânforas encontradas no local / Crédito: Divulgação/Universidade de Haifa

De acordo com o portal All That's Interesting, as análises, publicadas na revista Near Eastern Archaeology, mostram que o navio navegava no eixo comercial do Levante, tendo aportado possivelmente no Chipre, Egito e algum porto israelense antes de sucumbir.

Causa

A arqueóloga Deborah Cvikel, que lidera o estudo, admite que a causa do acidente ainda permanece obscura. "Foi provavelmente um erro de navegação", resume ela, lembrando que nenhum osso humano foi encontrado — sinal de que a tripulação deve ter alcançado a praia a tempo.

Estamos falando de uma embarcação extraordinariamente grande, que foi cuidadosamente construída e está lindamente conservada", destacou a pesquisadora.

Tese revisada

Mais do que o infortúnio de um capitão, o achado provoca uma revisão da tese que defendia um colapso severo do comércio mediterrâneo após a substituição do poder bizantino pelo islâmico, entre os séculos 7 e 8.

A carga volumosa e heterogênea contestou essa visão: frutas frescas, conservas de peixe e cerâmica de várias procedências indicam trânsito intenso de mercadorias, mesmo em contextos de mudança política e religiosa.

Não sabemos se a tripulação era cristã ou muçulmana, mas encontramos vestígios de ambas as religiões", ressaltou Cvikel.
Restos do navio foram encontrados em 2015 / Crédito: Divulgação/Universidade de Haifa

Além disso, vale destacar que o próprio casco conta outra história de transição. Construído no método "shell-first", típico dos estaleiros egípcios, ele se apoia em strakes longitudinais que conferem forma e robustez antes da inserção da estrutura interna. Essa técnica suplantou o sistema dominante até o século 6, em que a quilha e as cavernas vinham primeiro.

Próximos passos

Segundo a fonte, a coleção de cerâmica recuperada já é a maior do gênero em Israel para o período bizantino-islâmico e a descoberta impressiona por seu estado de preservação. No entanto, ainda restam tarefas cruciais, interrompidas pela pandemia de Covid-19.

"Ainda precisamos descobrir a parte traseira do navio, onde presumivelmente o capitão morava", diz Cvikel. "Também precisamos realizar mais análises sobre muitas das descobertas, incluindo as ânforas, seu conteúdo, os objetos do cotidiano, como as panelas e os ossos dos animais."

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também