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O que aconteceu com os samurais, os icônicos guerreiros japoneses?
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O que aconteceu com os samurais, os icônicos guerreiros japoneses?

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Aventuras Na História
31/05/2025 17h00
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©Getty Images
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Os samurais, também conhecidos como bushi, foram guerreiros que viveram na época do Japão feudal. Eles, que surgiram no período Heian (794–1185), uma época marcada pelo fortalecimento da aristocracia militar, passaram logo a ocupar posições de destaque, misturando-se à nobreza da capital Heian-kyō (atual Kyoto).

Com o tempo, esses guerreiros se tornaram uma peça central na estrutura de poder do país, participando de conflitos como a Guerra de Ōnin (1467–1477), e consolidando sua reputação como combatentes leais e habilidosos com rígido código de conduta.

Período Edo

O auge de sua presença social e cultural costuma ser associado ao período Edo (1603–1868), governado pelo xogunato Tokugawa. Contudo, apesar da estabilidade proporcionada por esse regime, essa mesma paz foi um fator decisivo para a transformação — e, em muitos aspectos, o declínio — da classe samurai.

Após a conquista do Castelo de Osaka sob Tokugawa Ieyasu em 1615, o país passou a viver em relativa tranquilidade. Sem guerras constantes, os samurais se viram diante de uma nova realidade: manter-se úteis e relevantes em uma sociedade na qual o combate deixava de ser necessário.

Arte representando o xogum Tokugawa Ieyasu / Crédito: Getty Images

Fim dos combates

Como destacou o portal National Geographic, a Rebelião de Shimabara (1637–1638) foi a última grande revolta do período e marcou simbolicamente o fim da era de combates constantes. Liderada por Amakusa Shiro, um jovem samurai convertido ao cristianismo, a rebelião uniu insatisfação popular por impostos abusivos à repressão religiosa.

O governo Tokugawa respondeu com brutalidade, contando inclusive com armamentos fornecidos por holandeses. Após a repressão, o xogum Tokugawa Iemitsu decretou o fechamento do país a quase toda influência estrangeira, instaurando o sakoku — política de isolamento que duraria mais de dois séculos.

A figura do rōnin

Com o Japão fechado e em paz, os samurais foram, aos poucos, se tornando obsoletos. Sem batalhas para travar, muitos passaram a ocupar funções administrativas ou de vigilância sob seus senhores feudais. Outros, sem mestres para servir, tornaram-se rōnin — guerreiros errantes que simbolizavam tanto a decadência quanto a liberdade.

A figura do rōnin, idealizada pela literatura e pelo imaginário popular, encontra em Miyamoto Musashi seu maior exemplo. Mestre na arte da espada, Musashi venceu dezenas de duelos e escreveu o célebre tratado "O Livro dos Cinco Anéis", onde registrou suas técnicas e sua filosofia de combate. Ainda assim, ele foi uma exceção. A maioria dos rōnin enfrentava pobreza, marginalização e até o crime organizado.

Samurais em sua armadura na segunda metade do século 19 / Crédito: Getty Images

Em Edo, atual Tóquio, os rōnin se acumulavam. Alguns fundaram gangues que deram origem à yakuza, a máfia japonesa. Esses grupos adotaram símbolos e estruturas inspiradas no antigo código samurai — o bushidō — mas distorceram seus princípios em prol da violência e da extorsão. Rituais como a automutilação dos dedos eram vistos como punições internas e tentativas de preservar uma honra artificialmente construída.

Enquanto isso, os samurais que permaneceram vinculados aos seus senhores eram obrigados a passar parte do ano na capital, acompanhando seus daimyos em obediência a uma lei que exigia que os senhores feudais vivessem em Edo por seis meses do ano.

Vida precária

Apesar de ainda receberem estipêndios, muitos desses samurais viviam de forma precária. Impedidos por seu código de honra de se envolver com comércio ou atividades financeiras, recorriam ao alcoolismo, contraíam dívidas e envolviam-se com a prostituição. Alguns, inclusive, chegaram ao ponto de vender suas espadas — símbolo máximo de sua identidade — para pagar o mizuage (defloramento) de aprendizes de gueixa.

Outros, contudo, encontraram novos caminhos, tornando-se artistas e intelectuais. É o caso de Matsuo Bashō, poeta haikai de origem samurai, mas cuja sensibilidade o levou à contemplação da natureza e à vida reclusa. Sua obra elevou o haicai a uma forma de arte meditativa e refinada.

Samurais do século 19 e armadura tradicional japonesa / Crédito: Getty Images

Samurais nas artes

No campo das artes visuais, samurais como Watanabe Kazan e Kawanabe Kyōsai buscaram unir técnicas tradicionais japonesas a influências ocidentais, criando obras que apontavam para a transição cultural pela qual o Japão passava. E mesmo dentro da política, alguns samurais se reinventaram como burocratas e mestres de cerimônias.

O paradoxo do período Tokugawa é claro: o samurai triunfou politicamente com a ascensão de Ieyasu, mas perdeu seu propósito enquanto casta guerreira. O bushidō tornou-se cada vez mais simbólico, reinterpretado como um ideal moral mais do que uma prática militar.

Identidade japonesa

No século 19, diante da ameaça de potências estrangeiras, o Japão buscou reformular sua identidade, incorporando elementos da antiga cultura samurai ao discurso nacionalista centrado no imperador.

Ainda hoje, ecos da disciplina, da lealdade e da estética samurai podem ser percebidos na sociedade japonesa — seja na tradição militarista ou em valores profundamente enraizados, tais quais a disciplina e a sensibilidade artística.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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