O rei enterrado em um estacionamento: A incrível história de Ricardo III

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Ao longo da história, inúmeros reis de diferentes civilizações e regiões do mundo existiram, alguns que ficaram lembrados por feitos gloriosos, outros que caíram no esquecimento... E outros cujo nome carregam, para sempre, uma má fama. E certamente um que entra nesta terceira categoria é Ricardo III.
Filho de Ricardo Plantageneta, que foi duque de Iorque e líder da casa de Iorque nos primeiros anos da Guerra das Rosas, Ricardo III nasceu em outubro de 1452, sendo irmão do rei Eduardo IV, que sucedeu Henrique VI e estabeleceu a Casa de Iorque.
Além disso, segundo o National Geographic, Ricardo também ordenou que o jovem Eduardo V e seu outro sobrinho, Ricardo de Shrewsbury, de apenas dez anos, fossem mantidos na Torre de Londres, e que os tenha assassinado para, assim, consolidar seu poder. Embora não existe confirmação disso, essa versão da história ficou mais conhecida através dos séculos, e por isso Ricardo III sempre foi mal-visto.
Porém, seu reinado chegou ao fim com sua morte na Batalha de Bosworth Field em 1485, dois anos depois de assumir o trono, sendo este um evento decisivo e a última batalha da Guerra das Rosas — um conflito dinástico que ocorreu na Inglaterra entre 1455, em que as casas de Lancaster (liderados pelos Tudor) e Iorque disputavam pelo trono.
Embora tenha vivido um reinado breve, dois anos foi o suficiente para que o rei, inclusive, inspirasse William Shakespeare a criar a peça "Ricardo III", que retrata a ascensão maquiavélica do monarca e sua iminente queda e eternizou o monarca como um vilão na história britânica.

Destino de Ricardo
Alguns registros históricos atestam que, após sua morte, Ricardo foi enterrado de maneira simples em uma cidade vizinha de Leicester. Outras lendas apontam que ele foi jogado no rio Soar. De qualquer forma, fato é que, por muito tempo, o destino de seus restos mortais foi um grande mistério.
Outros historiadores, ao longo dos séculos, até chegaram a sugerir que o túmulo original de Ricardo III pode ter sido destruído ou removido durante a Reforma Inglesa, ou que ele teria sido guardado em uma capela franciscana, a Igreja Greyfriars, que foi destruída no século 16.

Buscando os restos mortais
No entanto, mesmo com sua infâmia, alguns entusiastas conhecidos como ricardianos buscavam restaurar sua imagem e ainda descobrir seu verdadeiro local de sepultamento. E foi desse grupo que despontou uma mulher chamada Philippa Langley, que desempenhou um papel crucial nessa história.
Isso porque, em 2004, ela visitou o antigo local da Igreja Greyfriars, que havia sido parcialmente transformado em um estacionamento; e sentiu uma conexão inexplicável com o local. "Eu senti que estava andando no túmulo de Ricardo III", disse ela ao The Guardian em 2013. "Eu não posso explicar isso".
Descoberta surpreendente
E embora isso não parecesse mais que uma teoria infundada, ela incentivou arqueólogos da Universidade de Leicester a investigar o local e, em agosto de 2012, eles acabaram encontrando restos humanos ali enterrados. Inclusive, um dos esqueletos apresentava uma curvatura na coluna consistente com a escoliose já conhecida de Ricardo III, além de alguns sinais de ferimentos em batalha.

Outras análises também haviam apontado que aquele indivíduo morreu com entre 25 e 40 anos, enquanto Ricardo faleceu com 32; que aquele homem viveu entre a segunda metade do século 15 e início do século 16; e que também se alimentava principalmente de proteína, marcada principalmente pelo consumo de frutos-do-mar, que marcou a época do monarca.
Felizmente, em 2005 outro estudo descobriu dois descendentes vivos de sua irmã mais velha, Anne de York, e um teste de DNA em fevereiro de 2013 confirmou: aquele era de fato o esqueleto do monarca.
O arqueólogo Richard Buckley, coordenador das escavações, afirmou: "a conclusão acadêmica da Universidade de Leicester é que, além de qualquer dúvida razoável, o indivíduo exumado em Greyfriars, em setembro de 2012, é efetivamente Ricardo III, o último rei da Inglaterra da casa Plantageneta".
Descanso final
Dois anos após a descoberta, em 2015, o esqueleto de Ricardo III foi enterrado novamente na Catedral de Leicester, acompanhado por uma cerimônia que incluiu um poema da poetisa Carol Ann Duffy lido por Benedict Cumberbatch e uma coroa projetada por John Ashdown-Hill, que ajudou a identificar o descendente.
Além disso, o antigo local de sepultamento deixou de ser um estacionamento, e hoje é um centro de visitantes com piso de vidro, que permite que o túmulo observe o túmulo original de Ricardo III e, também, explore mais sobre a intrigante saga dos restos mortais do controverso último monarca da dinastia Plantageneta.


