Os bastidores do primeiro julgamento dos Menendez: 'Toda família acreditava na inocência'

Aventuras Na História






Março de 1990. Erik e Lyle Menendez foram presos por homicídio de primeiro grau, acusados das mortes de seus pais, Jose e Kitty Menendez, ocorrida meses antes, em 20 de agosto de 1989.
Embora já existisse suspeitas da polícia contra os irmãos, uma evidência concreta só surgiu a partir de uma ligação feita por Judalon Smyth, a namorada de um psicólogo que atendia Erik. Às autoridades, Judalon apontou que Lyle e Erik confessaram os crimes durante uma sessão de terapia e que havia o registro disso em áudio.
Dois dias depois, Lyle Menendez estava preso. A detenção ocorreu do lado de fora da mansão de Beverly Hills — cenário dos crimes. Horas depois, foi a vez de Erik se render após desembarcar no Aeroporto Internacional de Los Angeles, quando voltava de uma viagem a Israel.
O julgamento dos irmãos Menendez começou em 20 de julho de 1993 sob grande repercussão midiática. A grande questão nunca foi se Lyle e Erik mataram seus pais, visto que não tardou para revelarem isso no tribunal.
A principal discussão por trás dos crimes é a motivação da dupla: enquanto a acusação foi ferrenha apontando o ganho financeiro como principal combustível; os irmãos Menendez, por sua vez, alegaram medo e denunciaram anos de abuso físico, sexual e emocional.
Os bastidores do primeiro julgamento de Erik e Lyle Menendez são detalhados pelo jornalista Robert Rand no novo livro 'Irmãos Menendez: Sangue de Família', lançado na semana passada pela Darkside Books.

Rand, ícone da mídia impressa, televisiva e digital dos Estados Unidos, começou a cobrir esse caso brutal logo no dia seguinte aos assassinatos, 21 de agosto de 1989, para o Miami Herald.
Em entrevista recente e exclusiva ao Aventuras na História, o jornalista já ofereceu relatos inéditos sobre como foi estar na mansão dos Menendez poucos dias após os assassinatos e ofereceu detalhes sobre a prisão de Erik e Lyle.
Confira a seguir, na íntegra, a terceira parte da entrevista, em que ele conta mais sobre os bastidores do primeiro julgamento de Erik e Lyle Menendez!
"Todos eram unânimes em seu apoio aos irmãos"
Um autor de livros tem um luxo que repórteres que cobrem um julgamento de assassinato de alto perfil não têm. Em vez de ter que escrever ou produzir uma matéria para um jornal diário ou um telejornal, pude passar tempo ilimitado conversando com os familiares Menendez e Andersen [antes de ser conhecida como Kitty Menendez, a esposa de Jose e mãe de Erik e Lyle foi batizada com o nome de Mary Louise Anderson] sobre o que se passava dentro da família Menendez.
A pergunta-chave respondida pela defesa no julgamento era: por quê? Todos sabiam que Lyle e Erik Menendez haviam matado os pais. Mais de três anos se passaram entre a prisão dos irmãos e o início do primeiro julgamento, em 1993. A única história que o público ouviu foi "jovens ricos e gananciosos matam um casal adorável numa noite de domingo em Beverly Hills". Isso nunca foi verdade.
O motivo pelo qual o caso não foi a julgamento por vários anos foi uma enorme batalha judicial sobre gravações de terapia — uma delas com as próprias vozes dos irmãos confessando o crime.
Normalmente, existe um privilégio entre paciente e terapeuta que mantém tudo em sigilo e fora dos tribunais. Há uma exceção ao privilégio previsto na lei da Califórnia: se um paciente ameaçar seu terapeuta, o médico tem o direito de violar o privilégio e contar a qualquer pessoa que possa estar em perigo. O Dr. Oziel alega que Lyle Menendez o "ameaçou" quando ele estava saindo da sessão em que Erik Menendez se confessou a ele.

Segundo Oziel, Lyle lhe disse "Boa Sorte" quando saía do escritório com Erik. Oziel alegou em seu depoimento no primeiro julgamento que percebeu o comentário "Boa Sorte" como uma ameaça.
A questão chegou à Suprema Corte da Califórnia antes que a "fita da confissão" dos irmãos — o áudio gravado em 11 de dezembro de 1989, que contém as vozes dos próprios Lyle e Erik — fosse admitida no primeiro julgamento de Menendez. Lyle Menendez me disse que "nunca ameaçou" Jerry Oziel.
Saí correndo da Flórida para a Califórnia no fim de semana após os irmãos serem detidos e presos para cobrir as primeiras audiências no Tribunal Municipal de Beverly Hills para o Miami Herald.
No domingo, 25 de março, os familiares Menendez e Andersen vieram de todo o país e estavam reunidos na mansão Menendez na North Elm Drive. Eu sabia que precisava estar na sala de estar com a família, pois já estava pensando que essa história poderia virar um livro.
Liguei para Marta Cano [irmã de Jose Menendez], minha primeira entrada na família, e disse a ela que tinha cópias em VHS das coletivas de imprensa da Polícia de Beverly Hills e do Promotor Público do Condado de Los Angeles, Ira Reiner, que ocorreram logo após a prisão de Lyle.
A família queria ver os vídeos. Além das irmãs e da mãe de José, o pai de Kitty, Andy, estava lá, juntamente com sua irmã Joan VanderMolen e seu irmão Brian Andersen, de Illinois. Uma tensão extraordinária tomou conta da mansão, onde ambos os lados da família estavam hospedados juntos. Todos eram unânimes em seu apoio aos irmãos e em sua crença na inocência.


