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Os primeiros reis da Polônia podem ser de origem escocesa, revela DNA
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Os primeiros reis da Polônia podem ser de origem escocesa, revela DNA

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Aventuras Na História
16/06/2025 14h43
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Há muito tempo, se debate sobre a origem da primeira família real da Polônia, os Piasts, que governaram entre os séculos 10 e 14. Muito se questionou se eles seriam chefes locais eslavos, exilados morávios ou até mesmo guerreiros vikings, mas uma nova análise de DNA sugere que essa linhagem, curiosamente, pode ter origens dos pictos, um grupo de povos de língua celta que viveu na antiga Escócia.

Para o estudo, liderado pelo professor e biólogo molecular Marek Figlerowicz, da Universidade de Tecnologia de Poznań, da Polônia, em colaboração com o Instituto de Química Bioorgânica da Academia Polonesa de Ciências, foram analisados os restos mortais de mais de uma dúzia de criptas da era Piast.

Segundo o Archaeology News, o maior depósito foi escavado na Catedral de Płock, na Polônia central, onde foram identificados restos mortais datados de 1100 a 1495, que correspondem aos governantes Piast.

Dos 33 indivíduos observados no estudo (30 homens e três mulheres), todos os esqueletos masculinos compartilhavam um haplogrupo raro do cromossomo Y, que hoje existe principalmente na Grã-Bretanha. E uma das comparações mais próximas conhecidas é a de um homem picto enterrado no leste da Escócia, em algum momento do século 5 ou 6.

"Não há dúvida de que estamos lidando com autênticos Piasts", explicou Figlerowicz em uma conferência em Poznań, neste ano. E o que chama atenção é que os resultados mostram claramente que os Piasts não tinham origens locais.

Apesar da inferência, ainda não está claro exatamente quando os ancestrais dos Piasts chegaram à atual Polônia. Isso pode ter acontecido séculos antes de Mieszko I, o primeiro governante Piast historicamente documentado, ser coroado, ou até mesmo apenas uma geração antes, em uma aliança matrimonial estratégica, destaca o estudo, publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciências da Polônia.

Vale destacar que, na geopolítica medieval, casamentos dinásticos eram bastante comuns. No estudo, Marek Figlerowicz mencionou os relatos históricos de Świętosława, irmã de Bolesław, que chegou a se casar com reis da Dinamarca e da Suécia, e se tornou mãe de governantes da Inglaterra, Dinamarca e Noruega.

Incerteza

Apesar do novo estudo, alguns críticos ainda alertam contra conclusões precipitadas. Por exemplo, o Dr. Dariusz Błaszczyk, do Instituto de Arqueologia da Universidade de Varsóvia, questionou a identificação do haplogrupo R1b-S747 pela equipe, apontando que isso poderia ser ainda resultado de uma contaminação ou até um erro de sequenciamento.

Enquanto isso, mais informações sobre o passado da região ainda são descritos em estudos ambientais no Lago Lednica, um local frequentemente considerado o berço do estado Piast. Outra equipe de Poznań realizou uma análise de pólen enterrado na região, e encontrou evidências de que ocorreu ali uma drástica revolução ecológica no século 9, quando carvalho e tília declinaram, e foram substituídos por culturas de cereais e pastagens.

Além disso, fuligem e carvão encontrados por lá indicam que ocorreram incêndios generalizados na região, o que vai de acordo com o desenvolvimento de assentamentos fortificados, apoiando ainda um modelo de crescimento baseado em recursos, impulsionado pelas rotas de âmbar e tráfico de escravos no centro do estado Piast, na época.

Porém, mesmo que os Piasts não tivessem raízes eslavas, como muito se pensou durante séculos, seu domínio acabou coincidindo com uma população de grande continuidade local. Estudos anteriores mostram que a população se manteve geneticamente estável durante séculos, com linhagens relacionadas a grupos do Neolítico Inferior e até de populações da Jutlândia, entre a Dinamarca e o extremo norte da Alemanha.

Dessa forma, é possível teorizar ainda que a dinastia Piast emergiu de uma elite estrangeira, que foi integrada a uma população local já estabelecida há muito tempo. A ascensão provavelmente foi apoiada por condições ambientais favoráveis, e até mesmo acesso a rotas comerciais mais lucrativas apara a região, e não simplesmente por meio de conquista.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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