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Ötzi, o Homem de Gelo, tinha ancestralidade diferente da de seus vizinhos
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Ötzi, o Homem de Gelo, tinha ancestralidade diferente da de seus vizinhos

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Aventuras Na História
21/07/2025 12h23
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Uma nova análise de DNA revelou que Ötzi, o famoso Homem de Gelo, tinha uma origem genética bastante singular, diferindo da maioria das pessoas que viviam nos Alpes italianos em sua época.

Valentina Coia, pesquisadora do Instituto de Estudos de Múmias em Bolzano, na Itália, explicou em entrevista por e-mail à Live Science que, embora os 15 indivíduos da Idade do Cobre analisados compartilhassem uma estrutura genética parecida com a de Ötzi, um exame mais detalhado das linhagens mostrou divergências significativas.

"Fomos capazes de comparar os resultados com os do Homem de Gelo e descobrimos que ele difere das outras amostras alpinas na área", disse Coia.

O estudo, publicado no último dia 11 na revista Nature Communications, examinou o genoma de 47 indivíduos que habitaram os Alpes tiroleses entre o período Mesolítico e a Idade do Bronze Média — aproximadamente de 6400 a 1300 a.C. O principal foco da análise foi Ötzi, cuja múmia congelada foi descoberta em 1991, nos Alpes, onde ele teria morrido há cerca de 5.300 anos, vítima de um assassinato ainda envolto em mistério.

Pesquisas anteriores já haviam identificado em Ötzi uma alta proporção de ancestralidade proveniente de agricultores da Anatólia. O novo estudo buscou entender se seus contemporâneos na região, que viveram entre 3368 e 3108 a.C., também tinham esse perfil genético ou se eram mais próximos dos caçadores-coletores da estepe da Eurásia.

Resultados

Os resultados revelaram que a maioria dos povos alpinos da época apresentava entre 80% e 90% de ancestralidade anatólica e apenas uma pequena fração vinda de caçadores-coletores. Em geral, exibiam uma estrutura genômica bastante homogênea. Porém, a linhagem paterna de Ötzi era diferente — mais difundida, segundo os pesquisadores — enquanto a dos demais homens do estudo coincidia com padrões encontrados na pré-história da Alemanha e da França.

Curiosamente, embora os homens compartilhassem uma ancestralidade paterna comum, as linhagens maternas eram bem mais diversas. Isso sugere, segundo os cientistas, que as mulheres poderiam ter vindo de fora e se casado com um grupo masculino relativamente coeso. No entanto, a linhagem materna de Ötzi nunca foi encontrada em outros indivíduos antigos ou modernos, o que levanta a hipótese de que possa ter sido extinta.

"Como a linha materna ainda não foi encontrada, isso pode sugerir sua extinção", explicou Coia. Ainda assim, ela pondera que os dados disponíveis são limitados e que novos estudos, especialmente com indivíduos neolíticos da Anatólia e do norte da Itália, serão necessários para confirmar a hipótese de que Ötzi pertencia a um grupo distinto de agricultores.

Além das origens genéticas, os pesquisadores também investigaram características físicas dos indivíduos. Entre os genomas suficientemente preservados, seis permitiram prever cor dos olhos e cabelos. Todos indicaram olhos castanhos e cabelos castanho-escuros a pretos, semelhantes ao fenótipo de Ötzi. Outro traço compartilhado foi a intolerância à lactose, que parece ter sido comum entre os habitantes pré-históricos dos Alpes.

Antes deste estudo, apenas dois genomas da Idade do Cobre haviam sido analisados na região oriental dos Alpes italianos. Os 15 novos genomas agora analisados estão contribuindo significativamente para o avanço da compreensão sobre as comunidades que habitavam esse ambiente frio e montanhoso.

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