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'Pastor Canibal': Condenado por crimes brutais, Jorge Beltrão prega em presídio
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'Pastor Canibal': Condenado por crimes brutais, Jorge Beltrão prega em presídio

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Aventuras Na História
28/07/2025 18h39
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Um vídeo gravado na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, Pernambuco, voltou a ganhar repercussão ao mostrar Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, condenado por assassinatos e canibalismo, pregando como pastor evangélico dentro da unidade prisional. A cena, filmada há cerca de um ano, viralizou nas redes sociais e reacendeu o debate sobre o papel da fé dentro do sistema penitenciário brasileiro.

Conhecido como o líder do grupo apelidado de "Canibais de Garanhuns", Jorge cumpre pena de 71 anos e 10 meses de prisão por envolvimento na morte de três mulheres, cujos corpos foram parcialmente consumidos e usados na produção de empadas vendidas à população. Os crimes, que vieram à tona em 2012, chocaram o país e ganharam repercussão internacional pela brutalidade e por possíveis motivações ritualísticas.

No vídeo, Jorge aparece de camisa social, gravata e com um violão às costas. Ele é apresentado como "pastor da penitenciária" ao lado do diácono Rodrigo Gracino e do missionário Peterson. Durante a gravação, o preso relata sua conversão à fé cristã, cita passagens bíblicas e diz ter sido tocado por um missionário em 2012, mesmo ano em que foi preso.

Quem está em Jesus, nova criatura é. As coisas velhas se passaram, tudo se fez novo", afirma, citando 2 Coríntios 5:17.

Segundo o advogado de defesa, Giovanni Martinovich, Jorge está convertido há mais de dois anos e atua como líder religioso entre os detentos. "Hoje ele realmente está convertido. Ele quer viver preso como pastor", declarou. De acordo com o advogado, a conversão de seu cliente é genuína e vem sendo alvo de ceticismo. "Já mandaram umas 30, 40 vezes esse vídeo. As pessoas não acreditam. Acham que é deboche. Mas não é encenação. Lá dentro, você tem dois caminhos: o bem e o mal. Ele escolheu o bem".

Mesmo tendo direito a progredir de regime ou cumprir parte da pena em prisão domiciliar, Jorge recusa qualquer possibilidade de deixar a cadeia. Diagnosticado com esquizofrenia e atualmente cego, ele teme uma recaída ou até mesmo ser assassinado ao reencontrar a liberdade. "Se sair, volto a matar", teria dito o ex-canibal ao advogado e ao corpo de jurados durante julgamento.

Martinovich confirma a decisão do cliente: "Tenho condições jurídicas de colocá-lo na rua, mas ele me disse que, se descobrirem que é o canibal, será assassinado. E preferiu permanecer onde está". Segundo ele, o medo de voltar a ouvir vozes que o incitavam à violência é constante. "Ele disse que, se sair, volta a escutar aquelas vozes e tudo acontece de novo".

Para o defensor, a história de Jorge é reflexo de uma realidade mais ampla nas prisões brasileiras: a fé como único caminho de ressocialização. "A ressocialização em presídio, no Brasil, não ressocializa. Quem está preso procura uma válvula de escape. E a única opção é seguir o contexto religioso", afirmou. Ainda segundo Martinovich, a presença de igrejas evangélicas tem sido significativa nesse processo, ao contrário da atuação católica, que é mínima. "Elas recuperam realmente muita gente", disse.

O caso

Jorge Beltrão, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva foram denunciados em abril de 2012 pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, de 17 anos. Partes do corpo da vítima foram encontradas enterradas no quintal da residência do trio em Garanhuns (PE), e a carne foi usada na produção de empadas que eram consumidas por eles e comercializadas na cidade.

O grupo foi ainda responsabilizado pelas mortes de Gisele Helena da Silva, 31, e Alexandra Falcão da Silva, 20. Em julgamentos realizados em 2014 e 2018, os réus foram condenados por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Em 2019, as penas foram ampliadas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, somando mais de 70 anos de reclusão para cada um dos envolvidos.

Segundo o UOL, durante as investigações, veio à tona a possível ligação do trio com uma seita e a prática de rituais de "purificação" por meio do consumo de carne humana. O caso ficou conhecido nacionalmente como um dos episódios mais chocantes da crônica policial brasileira.

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