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Pegadas sugerem que humanos já estavam nas Américas há 23.000 anos
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Pegadas sugerem que humanos já estavam nas Américas há 23.000 anos

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Aventuras Na História
19/06/2025 12h33
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16545936/original/open-uri20250619-56-1vzglz7?1750336828
©Divulgação/Parque Nacional White Sands/David Bustos
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Em 2021, um estudo relatou a descoberta de pegadas humanas no Parque Nacional White Sands, no Novo México, nos Estados Unidos, que na época foram datadas de entre 21.000 e 23.000 anos atrás. No entanto, essa datação foi refutada por outros pesquisadores — visto que, por muito tempo, pensou-se que os primeiros humanos nas Américas chegaram há cerca de 13.000 anos —, mas um estudo mais recente voltou a defender que elas possuem a idade proposta inicialmente.

Caso a idade de 23.000 anos seja precisa, isso indica que os humanos já estavam habitando a América do Norte durante o Último Máximo Glacial, o momento mais frio da última era glacial. Para o estudo recente, os pesquisadores realizaram a datação por radiocarbono de sedimentos orgânicos em amostras de núcleo do sítio, fornecendo datas não só para as pegadas, mas também para todo o paleolago e sistema fluvial que já existiu ali.

"Nossos dados corroboram os dados originais", disse ao Live Science o principal autor do estudo, o professor emérito de antropologia e geociências da Universidade do Arizona, Vance Holliday. "Além disso, agora temos uma ideia de como era a paisagem quando as pessoas estavam lá".

Segundo o Live Science, a primeira refutação da datação das pegadas veio no ano seguinte à descoberta, em 2022, questionando o uso de sementes de capim-de-vala (Ruppia cirrhosa), uma planta aquática, para a datação por radiocarbono. Isso porque as plantas aquáticas obtêm carbono da água, que pode ser muito mais antigo que o da atmosfera, distorcendo os níveis de carbono 14 e fazendo as amostras parecerem mais antigas do que realmente são.

Mas em 2023, o local foi reclassificado por pesquisadores com datação por luminescência opticamente estimulada (OSL), que observa quando os grãos de quartzo ou feldspato das pegadas foram expostos pela última vez à luz solar, além de também a datação por radiocarbono padrão do pólen de coníferas antigas da camada da pegada — ou seja, sem se basear em plantas aquáticas.

E mais uma vez, nessa ocasião, os cientistas dataram as pegadas de entre 21.000 e 23.000 anos atrás. Apesar de muitos pesquisadores considerarem estes resultados convincentes, outros seguiam cautelosos com os resultados, alegando que as amostras podem ter sido retiradas de alguma camada incorreta.

Por isso, o novo estudo busca oferecer mais evidências de que as pegadas datam do Último Máximo Glacial, quando a região era uma vasta área úmida habitada por animais. Essas pegadas provavelmente vieram de caçadores-coletores que chegaram às Américas após atravessarem a Ponte Terrestre de Bering, que ligava a Sibéria ao Alasca, em uma época em que o nível do mar estava mais baixo, sugere a pesquisa.

Novos resultados

Para o novo estudo, publicado na Science Advances, Holliday e sua equipe realizaram a datação por radiocarbono de lama encontrada no sítio, que permitiu uma datação das pegadas de entre 20.700 a 22.400 anos atrás, correspondendo ainda às datas propostas inicialmente. Agora, há um total de 55 amostras datadas por radiocarbono de lama, sementes e pólen da camada de pegadas que dão suporte a essa teoria.

Chega-se a um ponto em que é realmente difícil explicar tudo isso", afirma Holliday em comunicado. "Como eu disse no artigo, seria uma serendipidade extrema ter todas essas datas dando a você uma imagem consistente que está errada".

Porém, segundo disse o diretor do Centro de Estudos dos Primeiros Americanos da Universidade Texas A&M, Michael Waters, ao Live Science, ainda é necessário mais trabalho no local para datar com segurança as pegadas. "Mesmo com esses novos dados, continuo preocupado com as idades de radiocarbono geradas para datar as pegadas em White Sands", disse.

Isso porque, segundo Waters, as datações por radiocarbono "provavelmente são muito antigas" porque a planta obteve seu carbono da água. E esse mesmo problema também pode ter afetado os sedimentos datados no estudo. "As novas idades em sedimentos orgânicos em massa apresentadas neste artigo são interessantes, mas não está claro sobre a origem do carbono que está sendo datado".

Além disso, Holliday e seus colegas também reconhecem que o estudo não aborda outra questão polêmica: onde estariam os artefatos ou assentamentos desses povos da era glacial de White Sands? Essa questão ainda precisa ser respondida, mas Holliday destaca que é improvável que caçadores-coletores tenham deixado para trás itens valiosos, no breve período que habitaram a região.

"Essas pessoas vivem de seus artefatos e estavam longe de onde poderiam obter material de reposição", conclui Holliday no comunicado. "Elas não estão simplesmente jogando artefatos aleatoriamente. Não me parece lógico que você veja um campo de destroços".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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