Pintura de mulher nua é descoberta escondida sob obra de Anita Malfatti

Aventuras Na História






Pesquisadores do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor), da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), identificaram uma imagem inédita oculta sob a tela Dora (1934), de Anita Malfatti. A análise revelou a figura de uma mulher nua, pintada antes da obra final.
O retrato original mostra Dora, parente da artista, vestida com um traje claro, mangas bufantes e sem decote. Sob essa imagem, no entanto, havia uma cena completamente diferente: uma figura feminina deitada, nua, com contornos visíveis da cabeça, braços, pernas e pés.
A descoberta foi possível graças ao uso de um aparelho de Reflectografia no Infravermelho (IRR), fornecido pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). O equipamento permite visualizar camadas inferiores da pintura por meio da radiação infravermelha refletida.

Corpo nu
Segundo Lucas Cotta, programador da IFRJ, a estrutura do corpo oculto foi claramente delineada. “Conseguimos reparar a cabeça dela, o braço, o corpo, outro braço e a perna. Até os pés”, disse ao g1.
A equipe também utilizou o Macro XRF, que detecta elementos químicos na composição da obra. A análise indicou a presença de pigmentos à base de estrôncio, o que confirma que não se trata apenas de um esboço, mas de uma pintura de fato finalizada.
O vice-presidente do Cecor, Luiz Antônio Souza, relatou o momento da identificação com bom humor: “De primeira, achei que fosse a cabeça de um burro. Chamamos a professora Alessandra Rosado, que veio e, muito educadamente, perguntou se a gente nunca tinha visto um nu”.
Para o professor André Pimenta, do IFRJ, a descoberta é significativa: “É claramente visível que você tem uma pintura por trás. Interessante é que não foi só um rascunho. [Com esse aparelho] aqui a gente sabe que esse rascunho teve uma camada pictórica, que ele foi realmente pintado. Tem pigmento a base de estrôncio que foi usado para fazer essa coloração”.


