Polícia francesa indicia ‘incel’ acusado de planejar ataque a facadas contra mulheres

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Um francês de 18 anos foi indiciado por associação com o terrorismo após ser preso por suspeita de planejar um ataque a facadas contra mulheres em Saint-Étienne, no sudeste do país.
O caso marca a primeira vez que a promotoria antiterrorismo francesa trata como motivação para um atentado terrorista a ideologia “incel” — uma subcultura online misógina formada por homens que se consideram rejeitados sexualmente e culpam as mulheres e o feminismo por isso.
O jovem foi detido pela DGSI (agência de inteligência interna da França) na última sexta-feira, 27, nas proximidades de um colégio público, informou o veículo local BFMTV. Portava duas facas na mochila e afirmou pertencer ao movimento “incel”, que incentiva o ódio contra mulheres consideradas “atraentes” ou “sexualmente ativas”.
Nesta terça-feira, 2, o suspeito foi formalmente acusado de conspiração terrorista com a intenção de cometer um ou mais crimes contra pessoas. O envolvimento da promotoria nacional antiterrorismo (PNAT) sinaliza um avanço no reconhecimento da violência de gênero motivada por ideologias misóginas como uma forma de terrorismo.
Segundo fontes próximas ao caso, o rapaz, nascido em novembro de 2006 e aspirante a engenheiro, era consumidor assíduo de conteúdos misóginos em redes sociais, principalmente no TikTok. Na audiência de custódia, o juiz determinou a prisão preventiva do jovem, que foi transferido para Paris. Sua advogada, Maria Snitsar, afirmou à AFP que ele é “um adolescente em sofrimento, não um combatente prestes a agir”.
Ideologia incel
É a primeira vez que um investigado se identifica exclusivamente como parte da comunidade “incel” em um processo do tipo na França. Antes disso, o termo havia surgido apenas de forma marginal em duas investigações conduzidas pela promotoria antiterrorismo, informou o BFMTV.
O caso ilustra na prática os riscos retratados na série da Netflix “Adolescência”. Na produção, um estudante britânico é levado a adotar discursos misóginos e violentos após ser influenciado por comunidades virtuais incel, repercute o The Guardian.
Diante do sucesso da série e do alerta que ela representa sobre o aliciamento de jovens para movimentos extremistas, a ministra da Educação francesa, Élisabeth Borne, anunciou no mês passado que a produção exibida em escolas públicas de ensino médio, a partir da 4ª série (cerca de 14 anos).
A proposta inclui cinco sequências pedagógicas especialmente desenvolvidas para discussão em sala de aula — focando no excesso de tempo de tela, a banalização da violência online e a influência de discursos masculinistas e misóginos.


