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Rei perdido da França: O mistério de Luís Carlos, filho de Maria Antonieta
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Rei perdido da França: O mistério de Luís Carlos, filho de Maria Antonieta

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Aventuras Na História
21/05/2025 20h00
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O destino de Luís Carlos, o rei perdido da França, atravessou mais de dois séculos como um dos maiores mistérios da história francesa. Ele, que era filho de Luís XVI e Maria Antonieta, era apenas uma criança quando seus pais foram executados, em 1793.

Mas para entender o caso é preciso voltar para 1789, ano que marca o início da Revolução Francesa, isto é, quando o povo se revoltou contra os privilégios da nobreza, do clero e da monarquia.

Para tentar conter os protestos, Luís XVIconvocou uma assembleia com representantes dos três estados, mas os plebeus, insatisfeitos com a falta de representatividade, romperam e formaram a Assembleia Nacional a fim de elaborar uma Constituição para o país.

O gesto marcaria o início da Revolução e, pouco depois, em 14 de julho, a Queda da Bastilha simbolizaria o colapso do Antigo Regime. Naquele mesmo ano, o povo marcharia até o Palácio de Versalhes, forçando a mudança da família real para o Palácio das Tulherias.

Segundo a historiadora Deborah Cadbury, ao ver Maria Antonieta ameaçada pela multidão, o príncipe Luís Carlos, que tinha apenas quatro anos, teria se inclinado pela janela e gritado: "Perdoem minha mãe!" No ano de 1791, após uma tentativa de fuga frustrada, a família acabou sendo capturada.

Nesse ponto, o sistema feudal já havia sido abolido e a Igreja, colocada sob controle do Estado. Em 1792, a França se tornou uma república, e, gradualmente, grupos mais radicais passaram a comandar os rumos da Revolução.

Em janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado. Em outubro daquele mesmo ano, seria a vez de Maria Antonieta. Já o pequeno Luís Carlos, então com 8 anos, foi deixado na Torre do Templo, onde viveu isolado e maltratado, sendo forçado a beber álcool, dizer obscenidades e cantar La Marseillaise, adotada como hino da República.

A Queda da Bastilha / Crédito: Getty Images

Em 1795, aos 10 anos, sua morte foi declarada — supostamente por causas naturais — e ele foi enterrado às pressas numa vala comum. O corpo, no entanto, nunca foi identificado com certeza, e logo surgiram dúvidas: teria o herdeiro do trono realmente morrido ali?

O rei perdido

Rumores diziam que o verdadeiro delfim havia sido trocado por outra criança e escapado. De acordo com a BBC, durante décadas, surgiram dezenas — talvez mais de cem — homens que afirmavam ser o "rei perdido" da França. O mais notório deles foi Karl Wilhelm Naundorff, um relojoeiro prussiano que chegou a convencer pessoas próximas à família real de que era o verdadeiro Luís Carlos.

Essas histórias foram alimentadas pelo fato de que, durante a autópsia, o médico responsável retirou o coração de Luís Carlos com a intenção de entregá-lo aos remanescentes da dinastia Bourbon.

Esse pequeno órgão seria essencial para resolver o mistério, mas ele passou por várias mãos, foi roubado, esquecido e, só séculos depois, acabou depositado na Basílica de Saint-Denis, onde repousam os restos dos reis da França.

Alguns dos falsos delfins chegaram, inclusive, a enviar cartas a Maria Teresa da França, irmã de Luís Carlos e única entre os filhos de Luís XVI e Maria Antonieta a alcançar a idade adulta.

Nenhum deles, porém, conseguiu provar ser o verdadeiro herdeiro. Com o tempo, as alegações foram perdendo força, e o enigma sobre o destino de Luís Carlos acabou sendo esquecido.

Retrato do Delfim Luís Carlos / Crédito: Domínio público/Meisterdrucke

DNA do coração

No ano 2000, a ciência finalmente entrou em cena. O professor Jean-Jacques Cassiman, da Universidade de Leuven, liderou uma equipe que analisou o DNA do coração preservado. A tarefa foi complexa: o órgão estava ressecado, e os cientistas trabalharam com técnicas delicadas para evitar contaminações.

A segunda etapa da investigação envolveu encontrar amostras de DNA confiáveis de Maria Antonieta. A sorte ajudou: os pesquisadores descobriram um colar pertencente à mãe da rainha, Maria Teresa da Áustria. Nele, havia medalhões com fios de cabelo dos 16 filhos da imperatriz — entre eles, um de Maria Antonieta.

Além disso, encontraram descendentes vivos da linhagem materna de Maria Antonieta, como a então ex-rainha da Romênia.

Fim do mistério

O cruzamento do DNA do coração com essas amostras trouxe uma conclusão incontestável: o coração pertencia ao verdadeiro Luís Carlos. Isso quer dizer que ele, de fato, morreu na prisão, como afirmado em 1795.

Anos mais tarde, em 2004, o Ministério da Cultura da França autorizou um sepultamento simbólico do delfim na Basílica de Saint-Denis, encerrando-se assim o mito do rei perdido.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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