Restos mortais de dois desaparecidos da ditadura militar são identificados em SP

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A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou nesta quarta-feira, 16, a identificação de dois desaparecidos políticos cujos restos mortais estavam na vala clandestina de Perus, descoberta em 1990, no Cemitério Dom Bosco, em São Paulo.
Conforme relata o comunicado divulgado pela CEMDP, os remanescentes pertencem a Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro, mortos durante a ditadura militar. A identificação foi feita pelo Grupo de Trabalho Perus (GTP), no âmbito do Projeto Perus — uma parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos, a Prefeitura de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
As vítimas
Grenaldo, nascido em São Luís (MA), foi fuzileiro naval. Preso em 1964 por reivindicar melhores condições de trabalho, foi expulso da Marinha e passou à clandestinidade. Em 30 de maio de 1972, participou de uma tentativa frustrada de sequestro de avião no Aeroporto de Congonhas.
Cercado por militares, teve o avião invadido e foi morto por agentes do DOI-Codi, que encheram a cabine com gás lacrimogêneo. Seu corpo foi levado à sede do destacamento, no Ibirapuera, e enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, segundo registros do Instituto Médico Legal (IML).
Já Denis Casemiro, natural de Votuporanga (SP), trabalhou como pedreiro e lavrador antes de se juntar à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo de resistência armada à ditadura. Foi preso em abril de 1971 e, segundo o Memorial da Resistência, torturado e executado por agentes do DOPS/SP, sob comando do delegado Sérgio Fleury.
Na época, as autoridades encobriram o crime com uma versão oficial de que Denis teria sido baleado ao tentar fugir. Um relatório do DOPS, assinado por Fleury, afirma que ele foi atingido por tiros “efetuados a esmo” e só localizado no dia seguinte, já internado na Santa Casa de Ubatuba. Ainda segundo o documento, foi transferido a São Paulo para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos.
Ambos permaneceram por décadas como desaparecidos políticos até terem suas identidades confirmadas por exames do Projeto Perus.


