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SUS avalia incorporar tratamento de queimaduras usado em vítimas da Boate Kiss
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SUS avalia incorporar tratamento de queimaduras usado em vítimas da Boate Kiss

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Aventuras Na História
17/05/2025 14h30
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©Divulgação/Santa Casa de Porto Alegre
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A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) recomendou a inclusão do uso da membrana amniótica, que envolve o feto, no tratamento de queimaduras pelo Sistema Único de Saúde. A decisão final deve ser formalizada pelo Ministério da Saúde em até 180 dias, por meio de portaria no Diário Oficial da União.

Coletada em partos cesarianos com autorização da mãe, a membrana – parte da placenta – será utilizada como alternativa aos curativos convencionais. A técnica é segura, mais barata e pode ajudar a suprir a carência dos bancos de tecidos, que hoje atendem apenas 40% da demanda nacional por pele. 

Apesar da recomendação oficial ter sido feita apenas agora, a técnica já foi empregada em caráter emergencial durante o incêndio na Boate Kiss, em Porto Alegre, em 2013. Na época, hospitais brasileiros receberam doações internacionais de membranas amnióticas, viabilizando o tratamento das vítimas.

O cirurgião plástico Eduardo Chem, diretor do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre, coordenou a aplicação da técnica. Em comunicado, ele afirma que a quantidade recebida foi suficiente para tratar os pacientes e ainda permitiu a formação de um estoque.

Um documento interno da Santa Casa, obtido pelo g1, detalha o processo de regulamentação iniciado logo após a tragédia. As pesquisas começaram em 2013 e, em 2017, teve início o trâmite junto aos órgãos competentes, até chegar à Anvisa e ao Ministério da Saúde. Com a recomendação da Conitec, a expectativa é que a escassez de pele nos bancos de tecidos seja amenizada.

O enxerto

Em queimaduras extensas, o tecido necrosado precisa ser retirado. No entanto, manter a ferida aberta representa risco certo de infecção. Para evitar a contaminação, costuma-se usar enxertos de pele humana ou pele sintética – esta última, cara; a primeira, escassa. A nova alternativa é a membrana amniótica.

Os quatro bancos de tecidos que existem no Brasil não suprem nem 40% da demanda por enxerto de pele. Com a membrana amniótica, que é descartada na hora do parto, será possível suprir essa carência”, explicou o cirurgião plástico ao g1.

Após a coleta, a membrana passará por análise microbiológica, triagem e exames sorológicos. Apenas membranas obtidas em cesarianas serão utilizadas, por apresentarem menor risco de contaminação.

“Hoje, o processo de coleta de pele humana é muito complexo. Quando doada, a pele vem bastante contaminada – geralmente, tem resquícios de pólvora, de asfalto – e o custo para descontaminar esse tecido é muito alto. Já a membrana vem esterilizada dentro do ventre materno. Além disso, a mãe já passou por um pré-natal, o hospital tem dados como tipagem sanguínea e outras sorologias importantes, reduzindo o custo para que essa membrana seja utilizada”, acrescentou.

A taxa de doação de pele também é muito baixa. Segundo Chem, “para cada seis doadores de rim, há um doador de pele”. “A gente ouve muito ‘não’. Abordar pessoas que acabaram de perder um familiar é difícil, ainda mais para pedir a doação de pele. É bem diferente de abordar uma mãe que acabou de dar à luz e pedir uma membrana que já seria descartada. Com certeza, teremos mais ‘sins’". 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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