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Suspensão de ajuda humanitária dos EUA matou crianças por malária
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Suspensão de ajuda humanitária dos EUA matou crianças por malária

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Aventuras Na História
30/09/2025 20h40
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Uma investigação publicada nesta terça-feira, 30, pelo The Washington Post revelou que a suspensão temporária da ajuda humanitária dos Estados Unidos, ordenada pelo governo Donald Trump em janeiro de 2025, teve efeitos devastadores em países africanos. A paralisação atingiu programas de combate à malária e ao HIV, resultando na morte de crianças que ficaram sem acesso a medicamentos.

Segundo o jornal, um memorando determinou que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e órgãos diplomáticos suspendessem novos contratos de assistência médica externa e interrompessem, por 90 dias, os programas em curso. A medida gerou atrasos severos na logística de remédios e afetou mais de 40 países.

Vidas perdidas

Entre os casos documentados pela investigação está o de Suza Kenyaba, de 5 anos, que morreu em fevereiro na República Democrática do Congo após não receber o artesunato, medicamento essencial contra a malária. O remédio estava retido em um depósito a poucos quilômetros do hospital.

Outro caso é o de Gilbert Kayombo, de 7 anos, também congolês. Portador do HIV, ele deixou de receber antirretrovirais pediátricos durante a suspensão da USAID. Com o corpo fragilizado, contraiu malária grave e morreu.

Paralisação

A suspensão não afetou apenas medicamentos. O Post relata que alimentos destinados ao Sudão, Gaza, Síria, Mianmar e Bangladesh apodreceram em armazéns. Clínicas no Quênia passaram a racionar o tratamento do HIV para prevenir a transmissão em recém-nascidos, enquanto comunidades sudanesas em meio à guerra civil ficaram sem acesso a suprimentos básicos.

No primeiro semestre de 2025, cerca de 40% das 1.600 remessas programadas de medicamentos não chegaram ao destino. Mesmo após a retomada parcial da assistência, em fevereiro, muitos programas permaneceram congelados por meses.

Impactos

Um estudo publicado na revista The Lancet estimou que os cortes poderiam resultar na morte desnecessária de mais de 14 milhões de pessoas em cinco anos, sendo 4,5 milhões de crianças menores de cinco anos até 2030.

O sistema de ajuda norte-americano também teve dificuldades para reiniciar operações, por envolver uma rede complexa de logística global. Repórteres do Post entrevistaram mais de 20 funcionários e ex-contratados da gestão Trump e estiveram no Congo para examinar registros médicos e ouvir familiares de vítimas.

Defesa

Em nota ao Post, o Departamento de Estado afirmou que os programas de saúde seguem ativos e que novas tecnologias, como drones, estão sendo incorporadas para agilizar entregas. A pasta também alegou que “bandidos” lucravam com a ajuda externa e que a suspensão foi parte da política “América em Primeiro Lugar”.

O secretário de Estado Marco Rubio negou que as mortes tenham ocorrido por conta da suspensão e disse que os programas estão sendo reestruturados para maior eficiência. Segundo o UOL, ele responsabilizou outros países por não contribuírem mais com os esforços.

No início do ano, o bilionário Elon Musk, então chefe do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge), chamou a USAID de “organização criminosa” e defendeu publicamente sua extinção. Rubio, que assumiu a supervisão da agência meses depois, afirmou que os programas de assistência externa estavam “em desacordo com a estratégia nacional dos EUA”.


*Sob supervisão de Fabio Previdelli

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