Tumba de primeiro governante de cidade maia é encontrada em Belize
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Escavações arqueológicas realizadas recentemente em Belize resultaram na descoberta da tumba do primeiro governante da antiga cidade maia de Caracol, que foi um importante centro cultural e político durante os séculos 6 e 7 d.C.
A tumba pertencente ao rei Te K'ab Chaak, cujo nome em maia significa "Deus da Chuva dos Ramos", remonta aproximadamente ao ano 350 d.C. Essa é a primeira vez que uma tumba real identificável foi encontrada no local desde o início das escavações realizadas pelos arqueólogos Diane Chase e Arlen Chase, da Universidade de Houston, há mais de quatro décadas.
Dentro dela, foram encontrados diversos artefatos, incluindo vasos cerâmicos, ossos esculpidos, conchas marinhas, contas de jade tubulares e uma máscara funerária mosaica elaborada em jade.
Um dos vasos retrata um governante maia segurando uma lança enquanto recebe oferendas; outro apresenta Ek Chuah, o deus maia dos comerciantes, rodeado de ofertas, conforme revelado em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, 10.
Uma descoberta anterior, datada de 2010, já havia trazido à tona artefatos provenientes do centro do México, como lâminas de obsidiana, indicando a influência da cidade de Teotihuacán naquela época, que também teve impacto sobre os aztecas posteriores. No entanto, as novas tumbas encontradas em Caracol datam de pelo menos uma geração anterior a esses achados, sugerindo que os governantes ali enterrados eram nativos da região maia e não pertenciam à elite governante de Teotihuacán.

Segundo o portal Live Science, as análises dos restos mortais de Te K'ab Chaak indicam que ele tinha cerca de 1,70 metros de altura e não tinha dentes no momento de sua morte em idade avançada. A dinastia que ele fundou perdurou por mais de 460 anos.
Ruínas de Caracol
Caracol destacou-se como uma das maiores e mais significativas cidades do mundo maia, com uma população estimada superior a 100 mil habitantes durante seu auge. Contudo, assim como muitos outros assentamentos maias, a cidade enfrentou um declínio por razões ainda desconhecidas até o ano 900 d.C.
Atualmente, as ruínas de Caracol estão localizadas em uma densa floresta no distrito de Cayo, central Belize, a cerca de 85 quilômetros da costa caribenha e a 72 quilômetros ao sudeste da cidade maia de Tikal, na Guatemala.
Investigações arqueológicas demonstraram que Caracol abrangia mais de 177 quilômetros quadrados e possuía extensos calçadões, terraços agrícolas e estruturas monumentais, incluindo a pirâmide Caana, com seus impressionantes 43 metros de altura, também descoberta pelos Chases e que se mantém como uma das edificações mais altas do Belize.
O professor Arlen Chase comentou sobre as influências teotihuacanas encontradas no local, ressaltando que os primeiros governantes de Caracol mantinham profundas conexões com essa região e outras partes da Mesoamérica na época.
"Tanto o México central quanto a área maia estavam claramente cientes das práticas rituais um do outro", afirmou Chase no comunicado, apesar da distância considerável entre as duas civilizações — cerca de 1.200 quilômetros.
Essas conexões parecem ter sido estabelecidas pelos próprios governantes; portanto, tanto Te K'ab Chaak quanto outros reis maias podem ter "mantido relações diplomáticas formais com Teotihuacán", concluiu Chase.