Túmulo ligado a amigo de Alexandre, o Grande, pode ter alinhamento oculto

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Um túmulo monumental do período helenístico, escavado no norte da Grécia, pode ter mais a revelar do que sua impressionante arquitetura e decoração simbólica. Segundo um novo estudo, o chamado Monumento de Kasta, datado de cerca de 2.300 anos atrás, pode ter sido deliberadamente alinhado com o solstício de inverno, um possível sinal de rituais solares ou homenagens espirituais de renovação.
Localizado perto da antiga cidade de Anfípolis, o túmulo ficou famoso após escavações em 2014 que revelaram os restos de pelo menos cinco indivíduos. Um dos principais candidatos à identidade do ocupante principal é Heféstion, o guarda-costas e melhor amigo de Alexandre, o Grande, cuja morte em 324 a.C. causou enorme luto ao conquistador macedônio.
Interpretação
O pesquisador Demetrius Savvides, autor do novo estudo publicado no Nexus Network Journal, utilizou um modelo 3D da tumba combinado com o software astronômico Stellarium para simular o céu de 300 a.C. De acordo com suas análises, em 21 de dezembro, a luz solar penetraria completamente na câmara funerária central entre 10h e 16h, iluminando o espaço de forma dramática.
Savvides propõe que essa iluminação específica não foi acidental, e sim parte de um redesenho arquitetônico feito durante a construção. "É altamente provável que rituais fossem realizados ali, especialmente no solstício de inverno", afirmou ele ao Live Science. Para o pesquisador, o alinhamento solar reforça temas de renovação, vida após a morte e ordem cósmica, típicos das tradições espirituais helenísticas.
Elementos decorativos da tumba sustentam essa ideia: o mosaico da deusa Perséfone, figura ligada tanto à vegetação quanto ao submundo, e uma possível imagem da deusa Cibele, associada ao renascimento, sugerem um contexto religioso profundo. A presença desses símbolos indicaria que a tumba foi pensada não apenas como local de descanso, mas como um espaço sagrado e simbólico.
Entretanto, nem todos os especialistas concordam com essa interpretação.Juan de Lara, da Universidade de Oxford, elogiou o uso de tecnologia no estudo, mas fez ressalvas. "Devemos ser cautelosos ao atribuir significados solares a estruturas antigas, especialmente porque os macedônios usavam um calendário lunissolar. Isso significa que a data do solstício mudava de ano para ano", afirmou.
Além disso, segundo o 'Live Science', de Lara destaca que o norte da Grécia costuma ser nublado no inverno, o que dificultaria a observação recorrente desse efeito solar — caso realmente tivesse uma função ritualística.
Apesar das críticas, a pesquisa reacende especulações sobre outros túmulos da época, incluindo o lendário túmulo de Alexandre, o Grande, cuja localização permanece desconhecida.
Savvides sugere que, se algum dia for encontrado, o túmulo de Alexandre poderia exibir características arquitetônicas e simbólicas semelhantes às do Monumento de Kasta, incluindo o possível uso do sol como elemento de consagração real.


