Turma do Jiló: como a experiência de uma mãe virou luta pela inclusão escolar
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Dados da Pnad Contínua 2022 revelaram que cerca de 18,6 milhões de brasileiros com dois anos ou mais apresentam algum tipo de deficiência. Segundo o levantamento, nesse grupo, a taxa de analfabetismo foi de 19,5%, enquanto entre as pessoas sem deficiência foi de 4,1%. A educadora Carolina Videira associa esse cenário à falta de inclusão na educação brasileira, uma situação que ela vivenciou após o nascimento do filho, João.
“Nesse momento, eu descobri na prática que a escola, apesar das leis vigentes, ainda não estava preparada para receber todas as crianças. Ao visitar instituições, conversar com famílias e educadores, percebi duas realidades coexistindo: a lei dizia ser um direito, mas os docentes não sabiam como fazer. Foi ali que eu entendi que o problema não era a criança, mas, sim, o sistema”, conta a pedagoga.
Educação inclusiva se torna realidade
Videira, então, buscou transformar a raiz da questão criando a Turma do Jiló. O projeto social implementa um Programa de Educação Inclusiva (PEI) em diversas unidades das redes pública e privada. Para isso, a educadora e sua equipe começam com um mapeamento da cultura institucional, a fim de entender qual é a melhor abordagem e metodologia para atender os estudantes. Em seguida, auxiliam na formação dos professores, oferecendo aulas, por exemplo, sobre gestão da diversidade e práticas antidiscriminatórias.
Além disso, a iniciativa fortalece a educação básica ao proporcionar oficinas e experiências para os alunos, com foco no desenvolvimento de habilidades intelectuais e socioemocionais. Com esse objetivo, os idealizadores também adaptam materiais escolares, tornando o conteúdo acessível para todos. Há ainda apoio psicológico, rodas de diálogo e cursos para familiares. De acordo com Carolina, “o PEI garante que não apenas os alunos estejam na escola, mas que estejam aprendendo”.
Essas metas, inclusive, já foram atingidas. “A primeira experiência com o nosso Programa de Educação Inclusiva (PEI) aconteceu no município de Santana de Parnaíba, na Escola Municipal Benedito Odete, em parceria com o Ministério Público. Essa ação nos deu musculatura, método e pesquisa. Foi ali que o programa começou a ganhar forma e tivemos ótimos resultados. Na cidade, obtivemos a redução da taxa de evasão escolar de 37,5% para 0,5% nas escolas em que o PEI foi implementado”, conta Videira.
Ademais, a iniciativa se destacou como uma ação em prol do crescimento social. Em 2018, recebeu o Selo Municipal dos Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo e, mais recentemente, em 2022, ganhou o Prêmio Empreendedor Social da Folha de S.Paulo. Para a fundadora da Turma do Jiló, contudo, a maior conquista é o efeito na vida dos jovens brasileiros. “O resultado mais potente é sempre humano. Já impactamos mais de 5 milhões de pessoas desde 2015, e é sempre transformador ver um aluno que antes era considerado ‘impossível’ finalmente aprender, participar, ser visto — e não apenas tolerado”, ressalta.
Turma do Jiló expande atuação
E, além do ensino básico, Carolina também pensou no futuro das crianças com deficiência. Por isso, o projeto está associado ao STEAM & Inclusão Tecnológica, que busca levar, aos jovens em situação de vulnerabilidade, a cultura científica, a robótica e as tecnologias criativas. Outras iniciativas incluem o Mulheres no Topo e o Finanças Sem Barreiras, programas de incentivo ao empreendedorismo e de educação financeira com metodologia acessível.
“Ao longo da caminhada, entendemos que é importante apoiá-los na empregabilidade. Portanto, a Turma do Jiló expandiu sua atuação para além dos muros da escola e trabalha hoje com empresas em projetos de Inclusão Produtiva, ligados às estratégias de ESG. Oferecemos formação em inclusão da diversidade, consultoria em ESG e projetos de transformação de cultura”, esclarece Videira.
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