Diagnóstico e negligências: Saiba a história trágica do jovem morto por leoa
Contigo!

A invasão de Gerson de Melo Machado, 19, à jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico, em João Pessoa, revelou uma trajetória marcada por negligências e questões de saúde mental. O jovem escalou um muro de seis metros, sem ser impedido, e chegou ao recinto da leoa, onde foi morto.
Após a morte, a história de vida de Gerson, que na Gerson infância foi afastado da mãe, diagnosticada com esquizofrenia, veio à tona. Já na adolescência, o jovem recebeu o diagnóstico de deficiência intelectual e esquizofrenia.
A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhava por nove anos, foi uma das pessoas que mais conhecia Gerson. Ao saber da morte, a conselheira, que atua em Mangabeira (bairro de onde ele era), lembrou de um sonho recorrente do rapaz: ele sempre dizia que queria ir para a África para se tornar um domador de leões.
“Ele uma vez foi pego já no trem de pouso de um avião que pensava ir para a África. Sorte que as câmeras viram. Ele tinha uma deficiência intelectual visível, mas só conseguiu diagnóstico quando entrou no sistema socioeducativo“, disse a conselheira ao colunista Carlos Madeiro, do UOL.
E ressaltou: “Ele precisava de acompanhamento de saúde mental digno, mas não teve. Todo o poder público falhou com ele, com a família.”…
Passagem pela polícia
Em seguida, ela lembrou que aos 10 anos, ele foi levado por policiais rodoviários federais que o encontraram andando sozinho à beira da estrada. Foi então que a Justiça entendeu que a mãe não tinha condições de cuidar dos filho, Gerson e os 4 irmãos.
“Quando o policial perguntou, ele disse que tinha fugido de casa em Mangabeira, onde moravam a mãe e a avó. Nós o levamos até lá, sem saber da história, e só então soubemos da verdade. Apesar de a mãe ter sido destituída, ele ainda queria ficar com ela”, contou
Laudo
O primeiro laudo psiquiátrico de Gerson de Melo Machado só foi emitido em 2 de março de 2023. O documento, assinado pelo psiquiatra Klecyus dos Reis, levantou a hipótese de deficiência intelectual acompanhada de transtorno de conduta.
“O paciente evolui com comportamento disruptivo e dificuldades adaptativas. Segue com oscilações de humor, labilidade afetiva, agitação psicomotora e impulsividade. (…) Recomenda-se tratamento multidisciplinar em saúde mental, sob supervisão e regime integral”
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