Escritora é retirada de evento junto com seus livros após fala racista; assista

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A escritora Camila Panizzi Luz foi removida da programação de um evento após uma fala controversa durante uma palestra realizada na quarta-feira (30). A decisão foi tomada pela organização do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços). Além do cancelamento da participação, os livros da autora também foram retirados do estande de vendas do evento.
O que aconteceu?
O episódio aconteceu durante uma conversa entre Camila e o escritor Wesley Barbosa, que estava na plateia. Convidado por ela a subir ao palco para falar sobre seu livro Viela Ensanguentada, publicado pela Barraco Editorial, Wesley foi interrompido por Camila, que declarou: "Como que faz para ser neomarginal? Eu quero ser uma neomarginal, gente. Olha que tudo! Camila Luz, neomarginal. Nunca fui presa".
A fala foi rapidamente repercutida nas redes sociais, gerando críticas e acusações de racismo. Wesley Barbosa, que nunca teve passagem pela polícia, respondeu publicamente com a frase: "Também nunca fui preso!". O escritor é integrante do Coletivo Neomarginal, ligado à literatura produzida nas periferias, um movimento com raízes nos anos 1970, que busca visibilidade para vozes historicamente marginalizadas.
Diante da repercussão, o Flipoços divulgou nota oficial classificando o ocorrido como "lamentável e de cunho racista". A direção do festival informou a exclusão da autora da programação e o recolhimento de suas obras do espaço de vendas. O evento também afirmou que irá revisar seus processos de curadoria para evitar que casos semelhantes se repitam.
Em seu comunicado, o festival, que celebra 20 anos em 2025, reforçou seu posicionamento em defesa da inclusão e da diversidade. "Seguimos juntos, lutando por um mundo onde todas as histórias possam ser contadas e ouvidas", declarou a organização.
Pronunciamento de Wesley Barbosa
Wesley Barbosa fez um pronunciamento nas redes, agradecendo o apoio recebido e destacando a importância da resistência cultural diante de episódios de exclusão. "A poesia não é uma barata que você pisoteia ou uma mosca que você espanta e vai para longe; a poesia é a vontade de persistir, de construir, de criar, de atravessar a ponte, como todos nós fazemos todos os dias, quando não nos calamos perante uma fala racista, uma fala que mais exclui do que inclui", escreveu.
Em outro trecho, ele acrescentou: "A certeza também é traiçoeira. A certeza nos faz de trouxas. A certeza é uma escritora rindo da sua cara e debochando enquanto você tenta se expressar e falar de poesia; mas ontem a poesia foi mais forte, ontem a poesia reinou. A poesia disse: não falemos de racismo hoje. Falemos sobre sonhos e revoluções, dessas coisas que nós só conseguimos com perseverança, pois os livros são como marretas pesadas quebrando as paredes da ignorância. E hoje, todos que aqui estão irão presenciar a força e a potência da marginalidade poética."
Após a repercussão negativa, Camila Panizzi Luz restringiu o acesso ao seu perfil nas redes sociais, sem emitir novos comentários públicos até o momento.


