Bolsonaro opta por silêncio em depoimento à PF sobre acusação de golpe de Estado

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O ex-presidente Jair Bolsonaro escolheu não responder às perguntas em depoiomento à Polícia Federal nesta quinta-feira (22). A investigação em questão apura um suposto envolvimento de Bolsonaro em um possível golpe de Estado. Seu advogado, Paulo Cunha Bueno, alegou que não teve acesso aos autos do inquérito, classificado por ele como "semissecreto".
Bolsonaro permaneceu cerca de meia hora nas dependências da PF, chegando pouco antes do horário marcado em um comboio de carros. O ex-presidente deixou o local sem dar entrevistas, porém seus advogados conversaram posteriormente com os jornalistas. Cunha Bueno afirmou que Bolsonaro não cometeu crime, mas que não se sente apto a responder perguntas da PF sem ter conhecimento completo dos elementos da investigação, incluindo a delação de Mauro Cid.
A investigação da Polícia Federal sobre as tratativas para o golpe de Estado teve início em janeiro de 2023, quando uma minuta de decreto foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, propondo a instauração do estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) visando reverter o resultado da eleição.
Segundo a PF, Bolsonaro teve acesso a versões da minuta e teria pedido modificações no texto, apresentando a proposta aos chefes militares para avaliar um possível apoio das Forças Armadas. A primeira versão do texto teria sido apresentada a Bolsonaro em novembro de 2022, e ajustes foram feitos posteriormente por assessores e juristas. A investigação aponta que Bolsonaro convocou os Comandantes das Forças Militares para apresentar o documento e pressionar as Forças Armadas, indicando que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento.
Para a PF a pressão sobre as forças armadas não foi um fato isolado, mas parte da estratégia de deslegitimação do processo eleitoral como um todo. Dessa forma, a atuação do ex-presidente teria incentivado o núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral, visando produzir e divulgar notícias falsas para criar um ambiente propício ao golpe de Estado.
Vale ressaltar que a PF agendou para hoje, às 14h30, o depoimento de 21 investigados suspeitos de conspirar para um golpe de Estado a fim de manter Bolsonaro no poder. Os depoentes têm o direito de permanecer em silêncio. Apoiadores do ex-presidente estiveram presentes na sede da PF e, ao chegarem, ignoraram um bloqueio estabelecido, sendo necessário a intervenção de agentes para garantir a ordem no local.



