Milei intervém na agência pública de notícias argentina

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A agência pública de notícias da Argentina, Télam, foi fechada na sexta-feira (1º) pelo presidente argentino, Javier Milei, gerando polêmica e protestos por parte dos trabalhadores do portal e organizações jornalísticas. Após o anúncio, a página da Télam saiu do ar e exibe a mensagem "página em reconstrução". Além disso, os funcionários receberam um comunicado informando que ficariam dispensados do trabalho pelos próximos 7 dias.
O prédio que abriga a agência também foi cercado por grades, impedindo a entrada de funcionários. Em resposta, entidades que representam os jornalistas da Argentina irão promover um ato em protesto contra o fechamento da Télam nesta segunda-feira (4), em frente à sede da agência em Buenos Aires. Segundo Carla Gaudensi, secretária-geral da Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren), o ato tem como objetivo denunciar a violação da liberdade de expressão.
Há uma justificativa por trás da decisão de fechar a Télam. Milei argumentou que a agência vem sendo utilizada como "meio de propaganda kirchnerista", fazendo referência ao movimento político argentino liderado pelos ex-presidentes Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015). Em fevereiro, Milei já havia intervindo em todos os meios públicos da Argentina, substituindo as diretorias por gestores nomeados pelo governo, o que gerou preocupações sobre a privatização ou extinção dos meios públicos.
Ainda não está claro se o governo tem autoridade para fechar a Télam sem a aprovação do Legislativo. Guillermo Mastrini, professor de Comunicação da Universidade de Quilmes, destaca que um decreto de necessidade e urgência publicado pelo Executivo modificou as capacidades do governo de intervir em empresas públicas, mas não houve uma decisão oficial sobre o fechamento. Esse é um ponto que provavelmente será revisado judicialmente.
Criada há 78 anos, a Télam é a única agência de notícias argentina com correspondentes em todas as províncias do país. À medida que a agência enfrenta o fechamento, é importante destacar que, ao longo das décadas, já sofreu ameaças semelhantes durante as presidências de Carlos Menem (1989-1999), Fernando de la Rúa (1999-2001) e Mauricio Macri (2015-2019). A Télam possui um importante papel na disseminação de informações no país, produzindo diariamente cerca de 500 matérias e 200 fotografias, além de manter um ecossistema com departamentos de vídeo, rádio, um website e presença nas redes sociais. Como agência pública de notícias, é uma das parceiras da Agência Brasil no continente.



