Plano golpista, críticas a Moraes e negações: como foi o primeiro dia de audiências sobre tentativa de golpe

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início a uma série de audiências com os réus do chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A primeira sessão contou com depoimentos do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Durante os interrogatórios, Cid confirmou a existência de um plano golpista, enquanto Ramagem negou envolvimento em supostas ações ilícitas. O clima entre os réus foi de cordialidade, mesmo diante das acusações.

No primeiro dia de audiências, Mauro Cid revelou detalhes sobre o plano golpista e afirmou que Jair Bolsonaro teria acesso e feito alterações em um suposto documento com previsão de prisão de autoridades. O militar também mencionou a entrega de uma caixa de vinho com dinheiro ao major Rafael de Oliveira, a pedido do general Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Cid ainda apontou Braga Netto como elo entre o ex-presidente e os manifestantes acampados.

Já o deputado Alexandre Ramagem negou veementemente as acusações de ter cometido crimes, destacando que documentos apreendidos com ele eram de uso privado. Ramagem também refutou a alegação de ter utilizado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar autoridades. Além disso, o parlamentar mencionou que um arquivo indicando a vitória de Bolsonaro nas eleições não foi repassado ao então presidente.

Durante o depoimento, Mauro Cid mencionou críticas e xingamentos direcionados ao ministro Alexandre de Moraes por parte de militares das Forças Especiais, conhecidos como "kids pretos", grupo suspeito de planejar ações contra autoridades. Apesar das tensões, o clima de cordialidade prevaleceu entre os réus, com cumprimentos e trocas de gestos amistosos durante a audiência perante o relator da ação penal.

As audiências no STF prosseguirão ao longo da semana com depoimentos adicionais de réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República por cinco crimes, incluindo golpe de Estado e organização criminosa. As sessões continuam sob um esquema especial de segurança montado para evitar a exposição dos réus à imprensa e preservar a integridade do processo judicial.