Coleira infantil: qual a melhor forma de cuidar do seu filho?

Mega Curioso






Você já ouviu falar em "coleira" para crianças ? Ao que tudo indica, essa tem sido uma nova tendência para pais que desejam proteger seus filhos em ambientes externos sem correr maiores riscos. O tema viralizou com o TikTok de uma babá brasileira residente nos Estados Unidos e desde então tem gerado múltiplas reações por aí. Afinal, o que é o mais adequado para esse tipo de situação?
Por mais compreensível que seja o excesso de preocupação dos pais, seria essa medida realmente recomendada ou necessária? Vamos nos aprofundar a respeito do tema e entender quais são as complicações que podem existir por trás do uso desse tipo de apetrecho. Confira só!
Aprendizado em sociedade
Em entrevista ao Mega Curioso, a pedagoga e professora de educação infantil Izabela Mariano comentou a respeito da problemática quanto ao uso de coleiras em crianças. "Na cabeça dos cuidadores, usar essa ferramenta é uma espécie de liberdade controlada, mas na verdade você está impedindo que a criança aprenda a existir em sociedade, além de atrapalhar seu desenvolvimento como um todo", argumentou.
Na visão da especialista, muito do que temos hoje a respeito da aprendizagem infantil e o desenvolvimento das crianças passa pelo corpo. Ou seja, aprender a andar sozinha na rua acaba sendo uma excelente oportunidade para que esses jovens aprendam a olhar para o mundo e também para si.
Para Izabela, a coleira exime o cuidador de se responsabilizar pelo cuidado social. Dessa forma, a pessoa poderia sair para passear na companhia da criança sem ter que se preocupar em passar algum tipo de ensinamento ou lecionar a respeito das normas implícitas que usamos para conviver em sociedade.
Riscos de saúde
(Fonte: Shutterstock)
Quando foi criada, o design da coleira infantil foi feito para impedir que as crianças estivessem envolvidas em acidentes enquanto passeiam fora de casa. Porém, até que ponto esse tipo de apetrecho realmente protege? Existe a possibilidade dessa ferramenta provocar algum tipo de lesão?
Pense no seguinte cenário: em caso de um puxão mais forte na corda, o que aconteceria com a criança? Até então, ainda não existem muitos dados no mercado a respeito de ferimentos causados por essas coleiras e Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos Estados Unidos ainda não registrou nenhuma queixa.
Ao mesmo tempo que não existem dados sobre as coleiras causarem lesões, pouco também se sabe sobre os motivos pelos quais elas têm sido usadas e o quanto elas são realmente eficientes para evitar maiores problemas. "Aos que hoje são adultos: quando crianças usaram coleira? Ou então já se perderam do pai ou da mãe? O que fizeram nessas circunstâncias?", indagou a educadora Izabela Mariano.
Desenvolvimento infantil
(Fonte: Shutterstock)
Mesmo em um mundo onde se comprove a eficácia das coleiras infantis em evitar acidentes, ainda existe um outro cenário a se considerar durante esse processo: o que os pais estariam deixando para trás quanto ao desenvolvimento de seus filhos? No fim das contas, a segurança de um aparelho não pode substituir o cuidado afetivo e atenção parental.
Sobretudo porque o desenvolvimento infantil se dá múltiplos aspectos, como motor, visual, cognitivo e afetivo. Quando impedidos nossos filhos de serem livres e nos abstemos de prestar atenção em suas ações, consequentemente podemos estar deixando uma enorme lacuna que dificilmente será preenchida no futuro.
Então, como conciliar a rotina de adulto e os cuidados infantis? Na visão de Izabela, é preciso ser claro em seus objetivos. "Se o adulto tem pressa, então deve avisar a criança ou arranjar outro meio de locomoção, sair antes de casa ou garantir à criança um período onde o passo da caminhada será controlado por ela. Assim é possível satisfazer as curiosidades e permitir o desenvolvimento sem se preocupar com tempo ou com o possível corre-corre", sugeriu.
Sendo assim, a coleira jamais deve ser usada como uma desculpa para que os pais deixem de participar do desenvolvimento social dos filhos, sendo sempre necessário estar atento para os desejos e passos da criança.


