Dependência eletrônica: a clínica que trata o vício em video games

Mega Curioso








Para alguns pais, ter que lidar com um filho que passa horas na frente do computador pode soar como um grande problema. No fim das contas, o excesso de uso das telinhas para o consumo de video games pode ser visto como um sério problema e até mesmo um vício.
É por esse motivo que uma clínica do serviço de saúde pública do Reino Unido, o National Health Service (NHS), oferece tratamento especializado para pessoas dependentes de jogos eletrônicos desde o início de 2021.
Porém, essa é uma novidade no meio médico, tendo em vista que Centro Nacional de Transtornos dos Jogos Eletrônicos é a única instituição de tratamento desse tipo em toda a Grã-Bretanha.
Viciado nos games
(Fonte: Pixabay)
Assim como acontece no grupo Alcóolicos Anônimos (AA), o trabalho feito no Centro Nacional de Transtornos dos Jogos Eletrônicos é bastante parecido. Nesse meio, as famílias também encontram suporte emocional para lidar com a situação. Em comum, os pais relatam a falta de interação fora de casa e o excesso de barulho domiciliar.
Recentemente, a BBC News teve acesso exclusivo à clínica e foi averiguar o cenário. A matéria divulgada pela imprensa britânica relata que a compulsão dos pacientes — na grande maioria adolescentes — é tão grande que muitos têm hábitos violentos e confrontam seus pais quando estão longe dos jogos eletrônicos.
Alguns jovens em tratamento, inclusive, já ameaçaram cometer suicídio caso fossem mantidos longe de seus aparelhos. Além disso, a reportagem afirma que grande parte não consegue interagir socialmente quando não está por trás de uma tela de computador ou console.
Diagnóstico controverso
(Fonte: Pexels)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício em video games pode ser caracterizado pelos seguintes sintomas: perda de controle durante o jogo, priorização dos jogos sobre outros interesses e intensificação dos games mesmo com consequências negativas.
Entretanto, esse é um assunto que está longe de ser uma unanimidade no meio. Entre a indústria dos jogos eletrônicos e alguns grupos de psicólogos, as evidências empregadas para definir esse transtorno não são suficientes. Até um tempo atrás, a clínica localizada no Reino Unido só servia à rede privada e tinha experiência no tratamento de problemas com jogos de apostas.
Em outras palavras, lidar com vícios em video games ainda é um mundo muito novo para esses pesquisadores. Segundo os dados da instituição, mais de 300 pessoas já foram tratadas pela clínica — 200 delas só em 2021. Por fim, 89% das pessoas tratadas são homens de diversas idades.
Papel dos video games no mundo moderno
(Fonte: Pixabay)
Conforme os dados reunidos pela Ofcom, agência reguladora dos meios de comunicação do Reino Unido, cerca de 62% da população adulta britânica jogou video games durante a pandemia. Estudos recentes da Universidade de Oxford também mostram que os jogos eletrônicos podem ser benéficos para o bem-estar dos jogadores.
Então em que momento eles passam a ser maléficos? "Aceitamos totalmente que, para muitas pessoas, os jogos são algo realmente positivo nas suas vidas. Estamos falando, na verdade, sobre o pequeno percentual de pessoas com imensos problemas com os video games, que afetam verdadeiramente sua qualidade de vida e capacidade de interação e funcionalidade", explicou a terapeuta Becky Harris, terapeuta familiar no Centro Nacional de Transtornos dos Jogos Eletrônicos.
No fim das contas, é preciso saber interpretar quando um instrumento que foi feito para entretenimento está transmitindo mais emoções negativas do que positivas.



