Rui Barbosa tentou apagar a escravidão da história do Brasil
Mega Curioso
Advogado, escritor, orador, jurista, diplomata e filólogo, Rui Barbosa era considerado um polímata (uma pessoa que detém conhecimento em diversos assuntos). Essa inteligência acima da média levou o então ministro da Fazenda do Brasil de 1890 a tentar apagar sistematicamente — e de maneira literal — a escravidão do país.
Um documento ordenando a eliminação dos arquivos nacionais de todos os vestígios da escravatura no Brasil foi aprovado pelo Congresso Nacional, que permitiu que fossem queimados livros e registros dos cartórios municipais com dados relativos à compra, venda e transferência de escravizados em solo brasileiro.
Mas por qual motivo?
Protegendo os culpados
(Fonte: Mundo Educação/Reprodução)
“Os senhores de engenho, fazendeiros e grandes proprietários pensavam em se beneficiar com a República e com as indenizações”, deduziu Machado.
Com todos os documentos do pedido sendo queimados em 13 de maio de 1891, é provável que uma república recém-estabelecida através de um golpe militar, apoiada por antigos senhorios, poderia ter tomado rumo pior se os documentos ainda existissem.
Por outro lado, se os escravizados tivessem acesso ao registro de sua data de compra, eles poderiam reivindicar uma recompensa por terem sido escravizados de maneira ilegal — conforme a lei promulgada em 7 de novembro de 1831 que proibia o tráfico negreiro no Brasil. No entanto, essa ordem não foi cumprida e mais de 300 mil africanos foram trazidos para o país ao longo de 15 anos.
Então é provável que eles poderiam ter se beneficiado dessas indenizações, ainda que isso significasse o apagamento da história de dor e morte deles que estende raízes até hoje.
Encontrada em 2006, uma carta escrita pela princesa Isabel ao visconde de Santa Vitória, sócio do Banco de Mauá, mostra a intenção da mulher de indenizar os ex-escravizados com terras e instrumentos de trabalho para que eles pudessem refazer a vida.
