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CPI das Bets: o Brasil parece um episódio de Black Mirror
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CPI das Bets: o Brasil parece um episódio de Black Mirror

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20/05/2025 18h25
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©Lula Marques/Agência Brasil
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*Por Luiz Menezes // O País está acompanhando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Bets, que investiga o impacto das plataformas de apostas no orçamento dos brasileiros e as possíveis conexões das empresas com crimes, como lavagem de dinheiro e associação criminosa. Neste contexto, vários influenciadores estão sendo investigados pelos multimilhões pagos por contratos que lucram com a perda dos seguidores.

A influenciadora e empresária Virginia Fonseca, 26 anos, esteve envolvida com campanhas para casas de apostas e foi convocada para depor. Apenas no Instagram, ela conta com mais de 53 milhões de seguidores e, segundo informações que foram disponibilizadas na imprensa, em um de seus contratos, possuía cláusulas dizendo que teria ganhos em cima das perdas, o famoso "cachê da desgraça alheia".

Sabemos que a CPI foi criada justamente para compreender as responsabilidades éticas relacionadas às apostas online, porém, vários cortes têm viralizado nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter). Os vídeos postados na internet parecem um roteiro de série distópica, como a famosa Black Mirror da Netflix, pelo tom nada sério e debochado que uma situação tão preocupante tem sido levada.

Inclusive, a CPI das Bets está sendo apelidada de CPI da "Besties", já que, em certos momentos, pareceu um encontro de uma celebridade com os fãs, com direito a foto e risadas, o que não condiz com a ocasião. O senador Cleitinho Azevedo, do partido Republicanos de Minas Gerais, abordou a influenciadora, pedindo para que ela tirasse uma foto com ele e gravasse um vídeo, o que foi totalmente inapropriado.

A forma como Virginia estava se portando também chamou a atenção. A começar por sua roupa e seus acessórios: o moletom com o rosto de uma de suas filhas (Maria Flor) e um copo Stanley rosa com a sua marca WePink traziam um ar despreocupado. Aqui, não nos cabe julgar se a influenciadora é culpada ou não, mas a semiótica e as falas durante a CPI reforçam a não compreensão da gravidade do tema.

Diante disto, resolvi elencar alguns números sobre as problemáticas das apostas:

  • Influenciadores ganhando até 30% sobre o que as pessoas perdem;
  • Mais de 22 milhões de brasileiros apostando, apenas em setembro de 2024;
  • Cerca de 42% dos apostadores estão endividados, de acordo com o DataSenado.

O problema está cada vez mais escancarado, e não é apenas financeiro. Trata-se da romantização da sorte fácil, da estética da ostentação e também da ausência de regulamentação em um País que consome digital como quem respira. Tudo isso em uma realidade de impunidade, em que os maiores prejudicados são os próprios brasileiros que acreditam na ilusão de ascensão financeira através de apostas.

Em uma de suas falas na CPI, Virginia afirmou o seguinte: “Se faz tão mal, proíbe”. E em diversos momentos, insinuou que a responsabilidade pela regulamentação é apenas dos servidores públicos que estavam presentes na sessão, quando a discussão precisa passar para o nível de responsabilizar os influenciadores digitais, que possuem o poder de influenciar os seguidores sobre diversos assuntos.

Já é mais do que constatado os reflexos e impactos das falas de formadores de opinião nas decisões de consumo do brasileiro, e a presença de regras claras garantirão que Virginia e tantas outras pessoas que trabalham utilizando a internet evitem evadir de suas obrigações sociais.

*Luiz Menezes é fundador da Trope, consultoria de Geração Z e Alpha que ajuda marcas a rejuvenescer estratégias de negócio através da creator economy

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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