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Testamos: Ray-Ban Meta filma, faz tradução simultânea (pero no mucho) e toca Bob Marley
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Testamos: Ray-Ban Meta filma, faz tradução simultânea (pero no mucho) e toca Bob Marley

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33giga
11/09/2025 12h00
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©Divulgação/Meta
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Resolvi comprar um Ray-Ban Meta após tomar algumas broncas ao fotografar e filmar interiores de restaurantes, trens e aviões com meu celular, mesmo tendo o cuidado de não focar clientes e passageiros. Devo dizer que não faço isso porque gosto de bisbilhotar a vida alheia, mas para gerar conteúdo para o Instagram do site irmão do 33Giga, o @rotadeferias, muitas vezes a convite do próprio estabelecimento ou meio de transporte.

Como moro nos EUA, foi fácil achar os óculos até mesmo na remota cidade de Bentonville, no interior do Arkansas, também conhecido como meio do nada. Dava para pedir no site oficial ou encontrar em óticas e em grandes varejistas, como o Walmart e a Target. No Brasil, ao que consta, a Meta não divulgou quando o brinquedinho vai chegar, mas é possível importá-lo ou adquiri-lo ao viajar para o exterior.

Os modelos do Ray-Ban Meta

Depois de fazer algumas pesquisas e usar por alguns instantes os óculos do amigo Caio, do @dicasdemiamieorlando, fui atrás de um modelo para mim. A escolha não foi tão difícil assim, já que atualmente a Meta oferece apenas três opções: Skyler (retrô, no estilo olho de gato) e Wayfarer (mais retangular, com curvas arredondadas), da Ray-Ban, e HSTN, da Oakley (redondo).

Achei que o Ray-Ban Wayfarer ficou melhor em mim e optei por ele. É possível ainda escolher a cor da armação – para o Wayfarer, há apenas preto brilhante ou fosco, mas, para os outros modelos, o leque se amplia para cinza, branco, marrom e transparente no HSTN, e branco no Skyler – e também a cor da lente, que pode ser transparente ou escura. Neste último caso, há tons de verde, azul, marrom e ametista (praticamente preto).

Ali na loja, meio perdido diante de tantas opções, pensando nos ambientes em que usaria os óculos para gravar e, acima de tudo, assumindo o peso da idade, optei por lentes transitions, com transparente nos ambientes escuros e ametista nos claros. Assim, na lata, sem medo de ser feliz e me refastelando com a vergonha alheia.

E mais: pedi para colocarem grau, já que tenho sérias dificuldades em enxergar, sobretudo, de longe. Nesse caso, como qualquer outro modelo de óculos, é preciso ter uma receita de um oftalmologista ou optometrista norte-americano emitida nos últimos seis meses. Com a prescrição em mãos, dá até para fazer o upload no site se optar pela compra online.

Fora isso, vale dizer que o Ray-Ban Meta conta com diversos recursos de fábrica para proteção ocular. Entre eles, contra raios UVA e UVB, riscos e respingos d’água.

Ah, ia me esquecendo de mencionar: fiquei impressionado com o entusiasmo da vendedora ao me apresentar os modelos e explicar algumas funções básicas, inclusive a respeito do carregamento (dou mais detalhes abaixo). Ela foi a primeira de muitas pessoas que, até hoje, demonstram grande animação e curiosidade ao notar o modelo – de amigos e coletas de profissão até minha dentista.

Primeiras impressões

Não lembro bem, para falar a verdade, mas acho que os óculos ficaram prontos em menos de uma semana. O Ray-Ban Meta vem numa case bem bonita que imita couro marrom claro e, acima de tudo, serve como carregador de bateria. O esquema é o mesmo dos earbuds, com uma entrada USB (o cabo deve ser comprado separadamente) para carregar a capinha que, por sua vez, abastece os óculos.

No interior, destacam-se os conectores magnéticos que permitem a recarga do Meta. Eles ficam na área central, bem no encaixe do nariz. Atrás do estojo, por sua vez, há um botão de auxílio que deve ser acionado durante a instalação ou para restartar o sistema.

Na frente, uma luz verde indica se a carga está completa, enquanto a amarela mostra que ainda está carregando. Se quiser saber o nível exato, dá para conferir no aplicativo Meta AI, disponível para Android e iOS (para baixá-lo, é necessário ter uma conta ativa na Play Store ou na App Store dos EUA, pois ainda não rola no Brasil), ou logo após ligá-lo e conectá-lo ao Bluetooth, uma vez que o equipamento o informa ao cochichar em seus ouvidos.

Daqui a pouco explico melhor como isso funciona. Por hora, vou me ater às primeiras impressões, agora dos óculos propriamente ditos. Embora tenha o achado um pouco pesado, o modelo Wayfarer vestiu confortavelmente no meu rosto. A armação, com hastes grosas, é parruda o suficiente para passar confiança mesmo em situações tensas para quem usa óculos, como corridas e montanhas-russas.

Na haste esquerda, já próximo à lente, há um botão de liga e desliga, acionado por deslizamento. Na haste direita, também perto das lentes, mas na parte superior, destaca-se um botãozinho mais camuflado, que pode ser usado para tirar fotos (pressionando uma vez) ou fazer vídeos (pressionando e segurando por alguns segundos).

Mais para o meio de ambas as hastes, antes da curvatura que modela os ouvidos, é possível identificar as telinhas estreitas e discretas dos alto-falantes embutidos. Há dois de cada lado, mas apenas um orifício à esquerda e outro à direita. Além disso, as laterais das hastes são sensíveis ao toque, e é aí que a brincadeira começa a ficar divertida.

Principais funções e comandos

O Ray-Ban Meta funciona conectado a smartphones via Bluetooth, mas como mencionei acima, dependem da instalação do aplicativo Meta AI. Durante o primeiro emparelhamento, é obrigatório liberar a localização, para que o acessório seja identificado, e inserir uma conta do Facebook ou do Instagram, redes sociais que se integram diretamente aos óculos.

Uma vez conectado, dá para definir diversas funções no app, como a duração dos vídeos – de 15 segundos a 3 minutos – e a ativação do comando por voz “Hey Meta”, que executa diferentes ações. No entanto, a interação é possível apenas em inglês, ao menos por enquanto. Assim, você pode usar frases como “Hey Meta, take a picture”, para tirar uma foto, “Stop recording”, para parar uma gravação, “Call (nome do contato)”, para fazer uma ligação, “Play”, “Pause” ou “Next” para controlar músicas e por aí vai.

Há também opções mecânicas para a maioria dos comandos. Para tirar fotos, como expliquei acima, basta usar o botão sobre a haste direita. Um toque é o suficiente, enquanto os vídeos começam a ser gravados após três segundos de pressão contínua.

Na parte traseira da armação – já que o Meta não exibe informações nas lentes –, uma luz branca fraquinha próxima à lente direita indica que a função de tirar fotos ou fazer vídeos está ativa, embora em ambientes claros seja difícil notá-la. Na frente dos óculos, à direita e acima, outro led branco acende para que as pessoas saibam que estão sendo filmadas ou fotografadas (abaixo, falo mais sobre a questão da privacidade).

Já os controles físicos de mídia ficam no meio das hastes, na parte lateral externa: basta um toque para reproduzir ou pausar músicas e deslizar o dedo para ajustar o volume (para a frente do rosto, aumenta, e para trás, diminui). Quem quiser também pode personalizar todas essas funções no aplicativo.

Memória e qualidade de imagem

O Ray-Ban Meta conta com Bluetooth 5.3 e Wi-Fi dual band. O envio de arquivos para o celular é bem rápido graças ao sistema Wi-Fi Direct. Se estiver sincronizado com o Fotos do Google, por exemplo, em poucos segundos é possível ver as imagens salvas por lá. Também é fácil acessá-las e compartilhá-las por WhatsApp, por exemplo, no app Meta AI.

Internamente, há 32 GB de memória, espaço suficiente para armazenar cerca de 500 fotos ou 50 vídeos de um minuto. O processador é o Qualcomm Snapdragon AR1 Gen 1, o mesmo usado na linha Quest, que garante bom desempenho.

Em relação à câmera, o sensor de 12 MP entrega fotos surpreendentemente boas, considerando o espaço reduzido em comparação a um celular. Uma atualização recente de software melhorou ainda mais a nitidez das capturas, mas por ser uma lente ultrawide, é possível notar certa distorção em algumas situações. A saturação também é um pouco forçada, mas não há borrões ou rastros, mesmo em movimento. Isso tudo faz com que as imagens sejam muito satisfatórias para posts em redes sociais, por exemplo.

Na gravação de vídeos, o limite de três minutos por filmagem é providencial para quem, como eu, muitas vezes não percebe que ainda está gravando e, ao baixar os arquivos, vê que passou um tempão filmando o chão. Para os tipos de vídeos que faço, como tomadas rápidas de restaurantes, meio de transportes ou mesmo pedalando ou encarando montanhas-russas, a qualidade é ótima. Claro, desde que a finalidade seja exibir os arquivos em telas pequenas, e não no cinema.

O maior ponto negativo é a impossibilidade de alterar a proporção de fotos e vídeos, sempre registrados em formato vertical. Assim, o uso fica mais restrito para a produção de conteúdos voltados para redes sociais como Instagram e TikTok ou para serem vistos no celular, sem funcionar tão bem para plataformas como o YouTube, por exemplo. Espero que a Meta reveja isso e libere o formato horizontal nas próximas avaliações ou nos novos modelos.

Outro fator que deve ser levado em consideração é que os vídeos e as fotos ficam comprometidos em ambientes mais escuros. Além disso, a instabilidade deixa a desejar em filmagens mais dinâmicas – embora, ainda assim, tenha me surpreendido positivamente, pois achei que seria pior. Com o tempo, você percebe que não pode balançar muito a cabeça na hora de gravar. Assim, tudo vai se ajeitando.

https://www.youtube.com/shorts/o4VkLH74uN0

Privacidade

Para tentar mitigar preocupações em relação à privacidade de quem está sendo fotografado ou filmado, os óculos da Meta contam com um led indicador branco, que é aceso sempre que a câmera é ativada para alertar as pessoas ao redor que imagens estão sendo registradas. Não há como desativá-lo sem danificar o equipamento – embora tenha sempre um espertalhão dizendo que dá para colocar um pedaço de fita isolante no orifício por onde a luz é emitida.

De olho em tudo isso, a Meta desenvolveu diretrizes de uso que recomendam evitar a gravação em locais sensíveis, como banheiros, salas de aula ou ambientes corporativos restritos. Mas apesar dessas medidas, é fato que o led de pequeno porte pode passar despercebido em alguns contextos, levantando questionamentos a respeito da eficácia do alerta.

Além disso, há discussões sobre o armazenamento dos dados captados e o papel da Meta no gerenciamento dessas informações, uma vez que os conteúdos podem ser sincronizados com a nuvem da empresa. Mas até aí, os óculos não vão muito além do que o Instagram ou o Facebook já fazem faz tempo com a vida de todos os usuários.

Qualidade de som

É bem legal usar o Ray-Ban Meta como fone. Dentro das limitações do design, o som apresenta boa definição. É verdade que o vazamento de áudio pode ser percebido por quem está próximo, caso o volume esteja alto, mas ainda assim a função é muito bem-vinda. Com o recurso Spotify Tap, a experiência para quem usa é semelhante à dos fones de ouvido comuns.

Graças ao Bluetooth 5.3, a conexão mantém estabilidade mesmo a mais de 50 metros de distância do smartphone. Costumo usar o Spotify, deixar o celular em um canto e sair zanzando pela casa. Nunca tive problemas. Também testei várias vezes andando de bike e achei uma beleza.

Aqui, vale dizer que, nas primeiras vezes que usei os óculos, por diversas vezes me atrapalhei um pouco ao tocar nas hastes sem querer – para ajeitá-lo no rosto, por exemplo. E aí, rolaram algumas situações inusitadas.

Enquanto fazia uma entrevista em inglês, por exemplo, do nada comecei a escutar uma música em alto volume. Sorte que era “One Love”, do Bob Marley, e não algo do System of a Down ou do Rage Against the Machine. Se o entrevistado percebeu, não sei dizer, mas que a resposta que ele me deu foi pro saco, ah, não teve jeito!

Tradução e inteligência artificial

Os óculos da Meta tiram fotos, fazem vídeos e funcionam como fone de ouvido, mas a função mais intrigante é a que engloba inteligência artificial. Isso porque, com o comando “Hey Meta”, é possível pedir (sempre em inglês) para os óculos identificarem algo que você esteja enxergando e até solicitar conselhos, como que cor de sapato ou tênis combina com aquela calça jeans surrada que está sendo observada no momento.

Também dá para se informar a respeito de horário, temperatura e outros dados úteis. Fora isso, assim que você coloca os óculos, sem qualquer tipo de comando, escuta-se em qual nível está a bateria – algo que é repetido algumas vezes quando a carga está abaixo dos 20%.

De quebra, o Meta promete entregar uma tradução simultânea, por enquanto disponível em apenas quatro idiomas: inglês, espanhol, francês e italiano. É algo incrível, não posso negar, mas que funciona mais para vídeos curtos ou conversas rápidas. Isso porque o delay é grande (chega a dar 25 segundos de diferença entre o que está sendo falando no momento e o que você ouve traduzido) e provoca altas confusões em papos mais longos.

A impressão é que você está fazendo parte, ao vivo, de um filme com legenda e fala não sincronizadas – o que, admito, chega a ser engraçado muitas vezes. Mencionei a legenda propositalmente porque, além de traduzir no seu ouvido no idioma escolhido, o Meta transcreve o texto no app. E isso, com ou sem delay, é algo fantástico, sobretudo em reuniões ou palestras.

Bateria e carregamento

O Meta tem uma bateria de 154 mAh, que garante cerca de quatro horas de uso contínuo entre gravações e reproduções de músicas. Em um ritmo mais moderado, a autonomia pode ser maior. Já forcei a barra uma vez que estava na Disney World filmando e fotografando tudo que podia. E foi isso aí: em cerca de quatro horas, ele começou a me alertar que deveria ser carregado.

A case que acompanha os óculos fornece até oito recargas completas. A boa notícia é que o carregamento é rápido: em cerca de 20 minutos, é possível atingir 50%.

Quanto custa

Os óculos Ray-Ban Meta (tanto no modelo Wayfarer quanto no Skyler) são encontrados nos EUA a partir de US$ 299 em óticas, grandes varejistas e no site oficial. O valor pode subir de acordo com o tipo de lente escolhida, já que opções de prescrição têm custo adicional.

O modelo Oakley Meta HSTN, voltados para quem prefere um design mais esportivo, começa em US$ 399. A linha inclui ainda edições especiais com lentes de alto desempenho, como as versões com tecnologia Prizm e polarização, que chegam a US$ 499.

Vale a pena comprar os óculos Ray-Ban Meta?

É claro que tudo depende dos seus propósitos. Se, como os meus, for gravar vídeos e fazer fotos para redes sociais, ouvir música enquanto pedala ou caminha sem precisar de fones e pedir para o “Hey Meta” dar a previsão do tempo ou contar piadas ruins, vale muito a pena comprar os óculos Ray-Ban Meta. A qualidade das imagens é surpreendente para o tipo de dispositivo, assim como o som para os alto-falantes embutidos.

Agora, se quiser fazer vídeos sem trepidações para filmes publicitários mais elaborados ou escutar música sem ruídos externos, o equipamento pode deixar a desejar. O mesmo vale para a questão da tradução simultânea, uma vez que não é tão simultânea assim e ainda carece, por exemplo, de contar com uma versão em português.

Acredito que os óculos da Meta ainda vão evoluir em diversos sentidos, mas já apresentam muito mais pontos positivos do que negativos. Não saio mais de casa sem os meus, que se mostraram úteis nas mais variadas situações, sempre tomando o cuidado de preservar a privacidade de quem observo. E a julgar pelos olhares curiosos e as inúmeras perguntas que ouço do tipo “você está usando os óculos da Meta?” ou “Que incrível, como funcionam?”, acho que eles não passam tão despercebidos assim.

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