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Por que no Brasil não jogamos papel higiênico no vaso?
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Por que no Brasil não jogamos papel higiênico no vaso?

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Anamaria
18/07/2025 22h30
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© Crédito: FreePik
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Enquanto em outros países é comum descartar o papel higiênico no vaso, no Brasil a prática ainda é evitada — e por boas razões. Apesar de parecer uma questão de hábito, o problema vai além da cultura. Envolve desde a composição do papel até a capacidade do nosso sistema de esgoto.

Segundo especialistas ouvidos pelo G1, a falta de padronização no país é um dos maiores entraves. Isso porque o papel precisa se desmanchar com facilidade na água para não causar entupimentos, o que nem sempre acontece com os modelos vendidos no Brasil. Além disso, o investimento em tecnologia para desenvolver esse tipo de papel ainda é baixo.

O que faz um papel higiênico se desmanchar na água?

Para que o papel higiênico no vaso seja descartado com segurança, ele precisa ter a capacidade de se desagregar rapidamente. Essa característica depende do processo industrial usado durante a fabricação. A adição de certos aditivos — que deixam o papel mais macio e agradável ao toque — pode, por outro lado, dificultar sua desintegração.

De acordo com a professora Lúcia Coelho, da UFABC, esses aditivos tornam as fibras mais resistentes, o que atrasa o desmanche do papel em contato com a água. Vale destacar que termos como “folha dupla” ou “folha tripla” não estão necessariamente ligados à facilidade de desagregação.

Falta regulamentação sobre papel higiênico no Brasil

Hoje, quem regula as normas de produção é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No entanto, as regras atuais se limitam a critérios como cor, resistência e textura — sem abordar o desempenho do papel na água.

A norma internacional ISO 12625-17:2021 até descreve como testar a desagregação, mas também não determina o que é aceitável ou não. Assim, cada país adota seus próprios critérios. A Espanha, por exemplo, conta com a norma UNE 149002, que determina claramente quais papéis podem ir ao vaso.

No Brasil, as empresas até podem solicitar testes de desagregação junto ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas isso é raro — geralmente, só ocorre quando há intenção de exportar o produto.

Papel higiênico no vaso
Falta de norma, custo de produção e limitações no esgoto explicam por que o papel higiênico no vaso ainda é tabu por aqui – Crédito: FreePik

Papel biodegradável pode ser jogado no vaso?

Nem sempre. Um erro comum é confundir biodegradabilidade com desagregação rápida. Embora a maioria dos papéis higiênicos seja biodegradável por conter celulose, isso não significa que se desfaça rapidamente o suficiente para evitar danos ao encanamento.

Segundo a técnica Patrícia Yasumura, do IPT, a biodegradação pode levar até seis meses, enquanto o ideal seria que o papel se desintegrasse em no máximo 10 minutos, como indicam os testes da ISO.

Custos e tecnologia também dificultam avanços

Além da falta de normas, a produção de um papel que se desintegre com facilidade exige mais tecnologia. Para manter o equilíbrio entre resistência e maciez, as empresas precisam adaptar o maquinário e investir em inovação — o que gera custos mais altos.

Contudo, segundo especialistas, o cenário atual não incentiva esse tipo de investimento. Enquanto não houver um estudo mais aprofundado sobre a infraestrutura do esgoto no Brasil, os papéis que se desmancham na água continuarão sendo exceção.

A própria indústria confirma essa visão. A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) afirma que, mesmo existindo tecnologia para fabricar papéis mais dispersíveis, seria preciso adaptar o sistema de saneamento e os processos de tratamento de esgoto para garantir segurança.

Resumo: Apesar de ser comum em outros países, o descarte de papel higiênico no vaso ainda enfrenta barreiras no Brasil. A ausência de normas específicas, os desafios tecnológicos e os limites da rede de esgoto tornam a prática desaconselhável por aqui. Para mudar esse cenário, é preciso vontade política, investimento e, principalmente, informação clara para o consumidor.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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