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Aquecimento global pode favorecer fungos letais como os de 'The Last of Us'
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Aquecimento global pode favorecer fungos letais como os de 'The Last of Us'

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Aventuras Na História
27/05/2025 17h07
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©Wikimedia Commons via Domínio Público
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Na série The Last of Us, um fungo mutante transforma pessoas em criaturas violentas e leva o mundo ao colapso. Apesar de ser ficção, a ameaça fúngica retratada na produção da HBO não está tão distante da realidade quanto parece.

Um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade de Manchester revela que fungos letais, como os do gênero Aspergillus, estão se espalhando e se adaptando rapidamente com o avanço das mudanças climáticas — e o mundo não está preparado para lidar com essa ameaça invisível.

A pesquisa, publicada na plataforma Research Square, está em revisão por pares. Ela utilizou simulações computacionais e modelos climáticos para prever como a crise ambiental poderá expandir o alcance do Aspergillus, um grupo de fungos presente no solo e no ar, que pode causar aspergilose — uma doença pulmonar grave, de difícil diagnóstico e com taxas de mortalidade entre 20% e 40%.

Atualmente, estima-se que infecções fúngicas sejam responsáveis por cerca de 2,5 milhões de mortes por ano no mundo, número que pode ser ainda maior devido à subnotificação e à baixa vigilância epidemiológica.

Propagação

Segundo comunicado divulgado pela universidade, algumas espécies de Aspergillus, antes restritas a regiões tropicais, devem se expandir para áreas mais temperadas da América do Norte, Europa, norte da China e Rússia.

Em cenários de altas emissões de carbono, a área de propagação pode crescer até 77,5% até 2100, colocando milhões de pessoas em risco. A Aspergillus flavus, em especial, preocupa por ser resistente a diversos antifúngicos e por também infectar culturas agrícolas, contaminando alimentos com micotoxinas — substâncias altamente tóxicas.

Embora os esporos desses fungos sejam inalados diariamente por pessoas saudáveis sem causar danos, indivíduos com o sistema imunológico comprometido — como pacientes com câncer, transplantados, pessoas com doenças respiratórias crônicas ou que se recuperam de gripes severas e Covid-19 — correm sérios riscos.

“Se o corpo não consegue eliminar os esporos, o fungo começa a crescer dentro de você e, falando diretamente, te consome de dentro para fora”, afirmou Norman van Rijn, um dos autores da pesquisa, à CNN.

A capacidade dos fungos de se adaptarem ao calor também está aumentando, o que pode tornar o corpo humano um ambiente ainda mais viável para sua sobrevivência. Isso se soma à escassez de medicamentos: só existem quatro classes de antifúngicos disponíveis, e a resistência aos tratamentos está crescendo, informou o comunicado.

Além disso, eventos extremos como ondas de calor, enchentes e furacões contribuem para espalhar esporos por grandes distâncias. Há registros de surtos de doenças fúngicas após desastres naturais, como o tornado em Joplin (EUA), em 2011. Pesquisas recentes mostram que o número de casos de aspergilose está aumentando cerca de 5% ao ano, repercute a CNN.

Apesar do risco crescente, a vigilância global sobre fungos patogênicos continua precária. A Organização Mundial da Saúde só lançou em 2022 sua primeira lista de patógenos fúngicos prioritários, reconhecendo o Aspergillus flavus como uma ameaça crítica à saúde pública.

Como ressaltou Justin Remais, professor de ciências da saúde ambiental na Universidade da Califórnia em Berkeley, ainda há pouca pesquisa, poucos dados e menos ainda financiamento para estudar esses organismos.

“Patógenos fúngicos estão se tornando cada vez mais comuns e resistentes aos tratamentos, e estamos apenas começando a entender como as mudanças climáticas estão contribuindo para isso. As pessoas estão acostumadas a ouvir falar de doenças causadas por bactérias, vírus e parasitas, mas muito menos sobre doenças fúngicas. Há uma necessidade urgente de reverter essa tendência, dado o nível de letalidade. Qualquer um de nós pode ser afetado no futuro”, destacou à CNN.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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