Asteroides escondidos ao redor de Vênus podem ameaçar a Terra em milênios

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Um enxame oculto de asteroides gigantescos pode estar orbitando silenciosamente ao redor de Vênus — e alguns deles, segundo uma nova pesquisa, podem representar uma ameaça à Terra nos próximos milênios. Embora não haja perigo imediato, astrônomos alertam que essas rochas espaciais, conhecidas como asteroides coorbitais, devem ser monitoradas com atenção.
O alerta vem de um estudo liderado pelo astrônomo Valério Carruba, da Universidade de São Paulo (USP), publicado recentemente no servidor de pré-impressão arXiv. A equipe simulou o comportamento de asteroides venusianos por 36 mil anos, o equivalente a três ciclos coorbitais — períodos em que esses corpos celestes podem mudar de órbita e, eventualmente, rumar em direção ao nosso planeta.
Asteroides coorbitais orbitam o Sol ao lado de um planeta, mas sem girar diretamente ao redor dele. Vênus já tem pelo menos 20 desses companheiros espaciais, a maioria com mais de 140 metros de diâmetro — tamanho suficiente para destruir uma cidade inteira em caso de impacto. Alguns são "troianos", posicionados à frente ou atrás do planeta em sua órbita, e um deles, batizado de Zoozve, atua como uma "quasi-lua".
Preocupação
Segundo o 'Live Science', o risco surge porque Vênus se aproxima da Terra mais do que qualquer outro planeta — cerca de 40 milhões de quilômetros em seu ponto mais próximo. Se um coorbital for perturbado gravitacionalmente, pode escapar de sua rota e acabar entrando em rota de colisão com a Terra.
O estudo também aponta que muitos desses objetos permanecem invisíveis aos nossos telescópios devido ao brilho intenso do Sol, especialmente os de órbita mais estável e excêntrica. Isso significa que há, potencialmente, muitos asteroides escondidos ao redor de Vênus ainda não detectados.
Apesar do cenário preocupante, Carruba foi enfático ao afirmar que nenhum dos coorbitais conhecidos representa risco à Terra no curto prazo. Ele também lamentou o sensacionalismo de algumas manchetes que sugeriram uma colisão iminente: "Houve alguma liberdade nas interpretações, mas esperamos que a atenção ajude a valorizar essa classe de asteroides, que deve ser monitorada mais de perto".
O estudo ressalta a importância de novas ferramentas de observação. O Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que deve entrar em operação ainda este ano, promete revolucionar a detecção de objetos potencialmente perigosos. Os autores também recomendam o envio de um telescópio para a órbita de Vênus, para observações mais diretas.
"Não devemos subestimar o perigo potencial, mas também não precisamos perder o sono por isso", concluiu Carruba. "Com os avanços tecnológicos, nossa compreensão sobre esses asteroides deve melhorar em breve".


