Brasileiro reconstrói rosto de pessoa com microcefalia a partir de crânio centenário

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O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM), em Porto Alegre, apresentou ao público uma iniciativa inédita: a reconstrução facial forense de um indivíduo com microcefalia a partir de um crânio centenário de sua coleção.
Segundo comunicado divulgado, a peça, conhecida como "Darcy", foi analisada por uma equipe internacional liderada pelo designer brasileiro Cicero Moraes, referência mundial em reconstruções faciais.
Registrado como MUHM1752, o crânio foi doado ao museu nos anos 2000 por Olga Schlatter e pertenceu ao médico Gabriel Schlatter, que atuou no interior do estado no final do século 19 e início do 20.
Utilizado para fins didáticos, o crânio intrigava especialistas pela circunferência atipicamente reduzida, levantando a hipótese de microcefalia — condição que compromete o desenvolvimento do cérebro.

Reconstrução
Para confirmar o diagnóstico e possibilitar a reconstrução do rosto, os pesquisadores aplicaram técnicas de fotogrametria e softwares de código aberto. Um dos principais avanços do projeto foi a adoção de um método de "tripla medição", que cruza dados da circunferência craniana com os arcos sagital e coronal.
A técnica permite estimar com mais precisão o volume interno do crânio, elemento crucial para diagnosticar microcefalia em adultos. Validado por tomografias, o método representa uma alternativa acessível e menos invasiva para a prática médica.

Além de contribuir com a ciência, a iniciativa devolve um rosto a Darcy. A imagem, agora em exibição no museu, convida o público a refletir sobre a diversidade e as limitações impostas por condições neurológicas como a microcefalia.
“Analisar e reconstruir o rosto de Darcy foi um desafio técnico e uma oportunidade única de honrar um indivíduo cuja história anatômica continua a inspirar gerações de médicos”, afirma Moraes no comunicado.
O estudo que embasou a reconstrução está em fase de revisão por pares e deve ser publicado em revista científica. A equipe envolveu pesquisadores da Malásia, República Tcheca, Austrália e Polônia.


