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Chimpanzés fazem primeiros socorros e tratam feridas com plantas medicinais
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Chimpanzés fazem primeiros socorros e tratam feridas com plantas medicinais

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Aventuras Na História
14/05/2025 13h20
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16525413/original/open-uri20250514-18-dv1oxq?1747229222
©Divulgação/Elodie Freymann
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Pesquisadores da Universidade de Oxford, em colaboração com uma equipe local em Uganda, documentaram comportamentos surpreendentes entre chimpanzés da Floresta de Budongo: os animais realizam cuidados médicos em si mesmos e em outros membros do grupo. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution.

Lambem feridas, aplicam folhas mastigadas sobre cortes e parecem reconhecer as propriedades terapêuticas de certas plantas — que, segundo análises, possuem compostos com ação antibacteriana. As observações foram feitas ao longo de quatro meses nas comunidades de Sonso e Waibira.

Os chimpanzés estudados estavam frequentemente feridos, seja por confrontos internos, acidentes ou armadilhas humanas. Em resposta, desenvolveram um repertório de comportamentos de tratamento: além da limpeza direta das lesões com saliva, utilizam técnicas como compressão com os dedos, aplicação de folhas e uso de materiais vegetais mastigados sobre os ferimentos.

Ao todo, foram registrados 41 episódios de cuidado: 34 de autocuidado e sete de cuidado voltado a outros indivíduos, incluindo auxílio na remoção de armadilhas e na higiene corporal. Em alguns casos, os cuidados foram oferecidos a chimpanzés sem qualquer laço genético com o cuidador, o que sugere motivações que vão além do interesse reprodutivo ou da preservação de parentes.

Esses comportamentos somam-se a evidências de outros locais que sugerem que os chimpanzés parecem reconhecer a necessidade ou o sofrimento de outros e tomam medidas deliberadas para aliviá-lo, mesmo quando não há vantagem genética direta”, disse a pesquisadora Elodie Freymann, responsável pelo estudo, em comunicado.

Comportamento médico

Para ela, os resultados revelam aspectos importantes sobre as origens do comportamento médico em humanos. “Ao documentar como os chimpanzés identificam e utilizam plantas medicinais e prestam cuidados aos outros, ganhamos insights sobre as bases cognitivas e sociais dos comportamentos humanos relacionados à saúde”, afirmou.

"Todos os chimpanzés citados nas nossas tabelas se recuperaram das feridas, embora, claro, não saibamos o que teria acontecido se eles não tivessem feito nada a respeito. Também documentamos comportamentos de higiene, como limpar os genitais com folhas após o acasalamento e limpar o ânus com folhas após a defecação — práticas que podem ajudar a prevenir infecções", acrescentou Freymann.

O grupo de Sonso apresentou maior número de casos observados, possivelmente por estar mais habituado à presença humana, o que facilita a coleta de dados. Ainda assim, os autores reconhecem limitações metodológicas, como o viés gerado pela diferença de habituação entre as comunidades e a escassez de dados sobre certos comportamentos raros, como o cuidado pró-social.

Apesar disso, os registros reforçam a ideia de que o impulso de aliviar o sofrimento alheio pode ter origens mais profundas e compartilhadas do que se imaginava. Para a pesquisadora, compreender melhor os contextos em que esses cuidados ocorrem pode abrir caminho tanto para novas descobertas no campo da evolução do comportamento quanto para estudos farmacológicos baseados no conhecimento desses animais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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