China desenvolve tecnologia para transformar solo lunar em água, oxigênio e combustível

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Cientistas da China anunciaram uma inovação tecnológica que poderá revolucionar a exploração lunar, ao possibilitar a extração de água do solo da Lua e sua conversão em oxigênio respirável e hidrogênio. O estudo, publicado na revista científica Joule no último dia 16, descreve como a equipe liderada por Lu Wang conseguiu realizar esse feito utilizando amostras coletadas pela missão Chang'E-5.
Por décadas, as agências espaciais têm considerado a Lua como um potencial ponto de apoio para futuras expedições mais distantes no espaço. No entanto, a dificuldade de garantir recursos essenciais para sustentar uma presença humana nesse ambiente inóspito tem sido um grande entrave. A nova tecnologia oferece uma alternativa viável, apresentando-se como uma solução promissora para esse desafio.
"A maior surpresa para nós foi o sucesso tangível dessa abordagem", declarou Wang em um comunicado à imprensa. De acordo com o portal Galileu, ele destacou que a combinação da extração de água lunar com a conversão do dióxido de carbono (CO2) em oxigênio poderia otimizar o uso energético e reduzir custos e complexidade na construção de infraestrutura necessária para a vida humana no satélite natural.
Atualmente, o custo de enviar um galão de água para o espaço é exorbitante, estimado em cerca de US$ 83 mil. Para cada astronauta, a necessidade diária gira em torno de quatro galões, resultando em um gasto colossal para garantir a sobrevivência durante as missões. Portanto, essa nova técnica poderia significar uma economia significativa e uma melhoria nas condições de vida dos exploradores lunares.
As amostras analisadas fornecem evidências concretas da presença de água na superfície lunar, permitindo que futuras missões humanas explorem e utilizem esses recursos naturais para suprir suas necessidades básicas, evitando assim os desafios logísticos associados ao transporte de suprimentos da Terra.
Nova abordagem
A tecnologia desenvolvida por Wang e sua equipe se distingue das abordagens anteriores, que eram ineficazes devido ao elevado consumo energético e à incapacidade de converter CO2 em produtos úteis. O novo método é capaz de extrair água diretamente do solo lunar e utilizá-la para transformar o dióxido de carbono exalado pelos astronautas em monóxido de carbono (CO) e hidrogênio gasoso.
Esses produtos podem ser utilizados não apenas na produção de combustíveis, mas também na geração do oxigênio necessário à respiração dos tripulantes. A inovação se baseia em uma estratégia fototérmica que aproveita a luz solar para gerar calor, essencial no processo químico.
Os testes realizados não se limitaram às amostras da missão Chang'E; foram também empregados simulados com um reator que utilizou um sistema concentrador de luz para conduzir o processo fototérmico. Para tal, foi utilizada ilmenita, um mineral encontrado no solo lunar que apresenta reservas significativas de água.
Apesar dos resultados encorajadores obtidos nos laboratórios, ainda existem obstáculos significativos que devem ser superados antes que essa tecnologia possa ser aplicada na superfície lunar. As drásticas variações de temperatura, a intensa radiação e a baixa gravidade representam desafios substanciais. Além disso, as propriedades inconsistentes do solo lunar complicam ainda mais o desenvolvimento de soluções viáveis.
Os autores do estudo enfatizam que é fundamental superar os limites tecnológicos atuais e os altos custos associados à implementação dessa tecnologia para garantir uma exploração espacial sustentável no futuro. Eles ressaltam que o sucesso nesta empreitada será crucial para viabilizar não apenas a utilização da água lunar, mas também a sobrevivência humana em ambientes extraterrestres.



