Cientistas encontram novos indícios de oceano subterrâneo em Marte

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Há muito tempo, vem se debatendo a possibilidade de ainda existir água em Marte. E novas evidências sísmicas sugerem que, de fato, pode existir um oceano oculto subterrâneo abaixo da superfície do planeta vermelho, com água suficiente para inundá-lo.
Segundo um novo artigo, publicado na revista National Science Review, gravações de ondas sísmicas registradas nas profundezas de Marte indicam a existência de uma camada de água líquida subterrânea nas rochas marcianas, a entre 5,4 e 8 quilômetros de profundidade.
A quantidade de água que os pesquisadores estipulam, surpreendentemente, seria capaz de inundar toda a superfície do planeta com um grande oceano com entre 520 e 780 metros de profundidade, sendo o mesmo volume de líquido armazenado na camada de gelo da Antártida, estima o estudo.
Vale mencionar que vários estudos recentes apontam que nosso planeta vizinho já foi abundante em água, há bilhões de anos, até que essa água líquida "desapareceu à medida que o planeta fazia a transição para se tornar o ambiente frio e seco que vemos hoje", segundo informado por Hrvoje Tkalčić, professor de geofísica na Universidade Nacional Australiana e coautor do artigo, em comunicado.
Com o passar do tempo, Marte perdeu seu campo magnético, e a radiação solar destruiu pouco a pouco sua atmosfera. Com isso, as temperaturas na superfície despencaram, e parte da água líquida escapou para o espaço, enquanto outra parte ficou presa no subsolo como gelo ou em minerais hidratados.
Porém, também já foi demonstrado em vários estudos que esses métodos de perda de água não podem justificar completamente toda a riqueza hídrica que se estima ter fluído do planeta, de forma que um grande volume de água segue "desaparecido". Por isso, há muito tempo cientistas debatem sobre a possibilidade de ainda existir água líquida escondida em Marte.
Oceano subterrâneo?
Após analisar dados sísmicos coletados pelo módulo de pouso InSight da NASA, os pesquisadores descobriram que as ondas sísmicas — causadas por impactos de asteroides e terremotos em 2021 e 2022 — registradas no interior de Marte aparentemente desaceleravam entre 5,4 e 8 quilômetros abaixo da superfície.
Esse fenômeno, sugerem os especialistas, pode ser devido à presença de água líquida escondida em rochas porosas, visto que ondas sísmicas viajam mais lentamente em meios líquidos que em materiais sólidos.
"Essa 'camada de baixa velocidade' é provavelmente uma rocha altamente porosa, preenchida com água líquida, como uma esponja saturada", explicam Tkalčić e outro coautor do estudo, Weijia Sun, professor de geofísica na Academia Chinesa de Ciências, em um ensaio para a Conversation. "Algo como os aquíferos da Terra, onde a água subterrânea penetra nos poros das rochas".
Além disso, o "estudo indica que é possível que grande parte dessa água antiga tenha percolado pelas rochas porosas da superfície e ficado retida no subsolo. Isso também coincide com estimativas de água 'desaparecida' em Marte feitas por outros estudos", complementa Tkalčić.
Por fim, vale pontuar que o potencial de Marte ainda abrigar água em estado líquido é bastante empolgante para os cientistas, visto que ela é essencial para a formação e manutenção da vida como a conhecemos, de forma que, caso esses reservatórios possam ser explorados, novos caminhos para a colonização de Marte e da descoberta de vida fora da Terra são abertos.
Agora, porém, ainda não sabemos se a água líquida de fato existe submersa em Marte. "Missões futuras com sismômetros e brocas são necessárias para confirmar a presença de água nessas profundidades e reunir mais pistas", diz Tkalčić, por fim.


