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Cientistas testemunham erupção vulcânica na Cordilheira do Oceano Profundo
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Cientistas testemunham erupção vulcânica na Cordilheira do Oceano Profundo

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Aventuras Na História
03/05/2025 13h12
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16518498/original/open-uri20250503-18-1k6u2dl?1746281324
©Divulgação/Instituição Oceanográfica Woods Hole
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Uma equipe de cientistas testemunhou um dos eventos geológicos mais raros e impressionantes do planeta: uma erupção vulcânica ativa nas profundezas do Oceano Pacífico. Entre eles estava Andrew Wozniak, oceanógrafo químico da Universidade de Delaware, que mal conseguia acreditar no que via.

A bordo do submersível Alvin, estacionado a cerca de 2,6 quilômetros de profundidade, Wozniak observava o que restava da fonte hidrotermal Tica — uma paisagem estéril de rochas negras, onde, até o dia anterior, havia um ecossistema marinho vibrante.

Crustáceos, vermes tubulares gigantes e peixes fantasmas haviam desaparecido, substituídos por uma névoa de partículas e brilhos alaranjados de lava ainda viva. "Meu cérebro tentava entender o que estava acontecendo. Onde foi parar tudo?", relatou o cientista. Aos poucos, a equipe percebeu que estava diante dos momentos finais de uma erupção submarina que havia sepultado aquele habitat sob nova camada de rocha vulcânica.

Essa foi a primeira vez que uma erupção ativa foi claramente observada ao longo da dorsal meso-oceânica — uma gigantesca cadeia montanhosa submarina com cerca de 64 mil quilômetros de extensão, onde as placas tectônicas se afastam e criam nova crosta oceânica. Embora 80% da atividade vulcânica da Terra ocorra no fundo do mar, quase nenhuma é registrada visualmente devido à dificuldade de acesso e detecção.

"Isso é um avanço extremamente empolgante", comentou Bill Chadwick, vulcanólogo da Universidade Estadual de Oregon, que não participou da missão. Para os cientistas, presenciar um evento como esse ao vivo é uma oportunidade única para entender a formação do fundo oceânico e seus impactos sobre a química marinha, os ecossistemas e formas de vida microbiana.

A missão, financiada pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA, tinha como objetivo inicial estudar o fluxo de carbono da fonte hidrotermal, de acordo com o The New York Times. A equipe embarcou no navio R/V Atlantis e desceu a bordo do Alvin sem imaginar o que encontraria.

A estudante de graduação Alyssa Wentzel, da Universidade de Delaware, descreveu o mergulho como hipnotizante, especialmente à medida que criaturas bioluminescentes apareciam nas profundezas escuras. Mas, ao se aproximarem da Tica, partículas encheram a água e o calor aumentou, sinalizando algo incomum.

A piloto do submersível, Kaitlyn Beardshear, da Instituição Oceanográfica de Woods Hole, precisou reduzir a velocidade devido à baixa visibilidade e às altas temperaturas. Preocupada com a segurança, ela tomou a decisão de recuar. "Foi uma visão inacreditável", disse. "Toda a vida e as estruturas que eu havia visto apenas alguns dias antes, apagadas. Mal posso acreditar que tivemos a sorte de estar lá poucas horas após a erupção."

Ao retornar à superfície, a equipe soube que hidrofones instalados no Atlantis haviam detectado a erupção naquela mesma manhã, gravando sons abafados e estalos típicos da atividade vulcânica. Essa foi a terceira erupção conhecida na fonte Tica desde sua descoberta nos anos 1980.

Erupção iminente

Dan Fornari, geólogo marinho da Woods Hole, acompanha a Tica há décadas e afirmou que os dados indicavam que uma nova erupção era iminente. Em 1991, ele chegou ao local poucos dias após uma erupção possivelmente ainda em andamento, mas sem confirmação visual. Desta vez, segundo ele, não há dúvidas: "Esta foi a vez em que mais perto chegamos de ver o início de uma erupção."

Agora, por motivos de segurança, os estudos continuam com equipamentos remotos a partir do navio Atlantis. A expectativa é que os dados obtidos revelem mais sobre o papel do vulcanismo submarino na dinâmica do planeta.

"Tudo isso está relacionado a entender esse sistema holístico que é a Terra e o oceano", concluiu Fornari. "Está tudo interligado, e é ao mesmo tempo complexo e belo."

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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