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Dinossauros de pescoço comprido não mastigavam bem, aponta estudo
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Dinossauros de pescoço comprido não mastigavam bem, aponta estudo

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Aventuras Na História
10/06/2025 11h24
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16540941/original/open-uri20250610-56-1mybojd?1749558760
©Divulgação/Travis Tischler
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Uma equipe de pesquisadores encontrou, enquanto analisava o abdômen fossilizado de um saurópode (Diamantinasaurus matildae), evidências de que a espécie era herbívora e que o animal não mastigava muito sua comida. O estudo foi publicado na revista científica Current Biology.

"Jamais um conteúdo intestinal de saurópode tinha sido encontrado, apesar de saurópodes serem conhecidos a partir de fósseis encontrados em todos os continentes e de se saber que o grupo viveu por pelo menos 130 milhões de anos", declarou Stephen Poropat, pesquisador da Curtin University (Austrália) e autor principal do estudo, em comunicado.

"Essa descoberta confirma várias hipóteses sobre a dieta dos saurópodes que foram feitas com base em estudos de sua anatomia e comparações com animais modernos”, disse ele, segundo o portal Galileu.

Acredita-se que os saurópodes, que viveram entre 94 a 101 milhões de anos atrás, foram os maiores herbívoros terrestres e que a espécie teria causado um grande impacto ecológico nos períodos Jurássico e Cretáceo. Contudo, as hipóteses eram baseadas em evidências anatômicas, como o desgaste dos dentes, morfologia da mandíbula e comprimento do pescoço, e não na dieta do animal.

No ano de 2017, pesquisadores do Museu Australiano de História Natural da Era dos Dinossauros encontraram o esqueleto de um saurópode adulto na Formação Winton, na Austrália. Durante a análise, os cientistas estudaram o conteúdo intestinal fossilizado, preservado em uma camada de rocha na região abdominal. Foram identificadas pínulas de coníferas, folhas de angiospermas e estruturas reprodutivas de samambaias.

Também foram detectados biomarcadores químicos ligados a gimnospermas e angiospermas. "Isso implica que pelo menos alguns saurópodes não eram seletivos, mas sim se alimentavam de qualquer planta que pudessem alcançar e processar com segurança", afirma o paleontólogo Stephen Poropat. Segundo ele, essas descobertas reforçam a ideia de que os saurópodes exerceram enorme influência sobre os ecossistemas mesozoicos.

A análise revelou ainda que o animal não mastigava bem sua comida. Em vez de usar dentes e saliva para triturar os alimentos, contava com a fermentação promovida por sua microbiota intestinal. "As plantas apresentam evidências de terem sido cortadas, possivelmente mordidas, mas não mastigadas, apoiando a hipótese de alimentação em massa em saurópodes", explica Poropat.

Alimentação

Inicialmente, os cientistas esperavam encontrar apenas evidências da dieta herbívora, mas ficaram surpresos com a presença de angiospermas no intestino fossilizado. "As angiospermas tornaram-se aproximadamente tão diversas quanto as coníferas na Austrália há cerca de 100 a 95 milhões de anos, quando este saurópode ainda existia", comenta o pesquisador.

Isso sugere que os saurópodes se adaptaram rapidamente à presença das angiospermas, incorporando-as à dieta em cerca de 40 milhões de anos após seu surgimento. Os pesquisadores também acreditam que, antes de atingirem a fase adulta, esses dinossauros se alimentavam de plantas em crescimento.

Filhotes de saurópodes, por exemplo, comiam vegetação baixa. À medida que cresciam, perdiam acesso a esse tipo de planta e, apesar de conseguirem alcançar copas de árvores, essas folhas eram mais fibrosas e difíceis de digerir. O espécime analisado no estudo se alimentava de brotos, brácteas, samambaias e árvores jovens de coníferas — todos alimentos mais fáceis de processar. Essa estratégia alimentar pode ter sido fundamental para a sobrevivência da espécie por cerca de 130 milhões de anos.

Porém, como destaca Poropat, o estudo é limitado uma vez que foi baseado no conteúdo intestinal de um único indivíduo. Ou seja, os dados refletem apenas uma ou algumas refeições desse saurópode subadulto — que já tinha superado a fase juvenil, mas ainda não era um adulto completo. Ainda não é possível afirmar se essa dieta era representativa da espécie, nem como a alimentação variava conforme a idade ou as estações do ano.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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