Fungo encontrado em tumba de faraó pode ser aliado no tratamento contra câncer

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Um estudo recente da Universidade da Pensilvânia trouxe uma nova perspectiva sobre o potencial terapêutico de fungos considerados perigosos. Apesar de apenas 2% das espécies de fungos existentes serem tóxicas, estima-se que cerca de 3,75 milhões de pessoas morram anualmente devido a doenças causadas por eles.
Um desses fungos é o Aspergillus flavus, conhecido por contaminar plantações e por seu histórico de provocar mortes associadas a escavações arqueológicas, como no caso da tumba de Tutancâmon nos anos 1920. Na época, vários membros da equipe de arqueólogos morreram pouco após a abertura do sarcófago, levantando a hipótese de que esporos do fungo estivessem por trás das fatalidades.
Agora, pesquisadores conseguiram transformar o que antes era uma ameaça em uma possível arma contra o câncer. Eles isolaram uma nova classe de moléculas produzidas naturalmente pelo A. flavus e, após modificações químicas, testaram sua eficácia contra células de leucemia. Os resultados surpreenderam: a atividade anticancerígena das moléculas se mostrou comparável à de medicamentos aprovados pela FDA, como a citarabina e a daunorrubicina, amplamente utilizados no tratamento da doença.
O estudo, publicado na revista Nature Chemical Biology, focou na manipulação genética de peptídeos produzidos pelo fungo. Como destaca o portal Galileu, poucas espécies são capazes de sintetizar esses peptídeos com características tão específicas e potentes.
A pesquisadora Qiuyue Nie, do Departamento de Engenharia Química e Biomolecular da Universidade da Pensilvânia, explicou que a complexidade da estrutura dessas moléculas é justamente o que lhes confere sua elevada bioatividade.
Identificando genes
Para identificar os genes responsáveis pela produção desses peptídeos, os cientistas usaram marcadores químicos. Eles descobriram que as moléculas têm uma configuração única de anéis interligados e que são especialmente eficazes na supressão de células cancerosas da medula óssea.
Em uma etapa seguinte, os pesquisadores adicionaram lipídios aos peptídeos, o que aumentou significativamente sua capacidade de penetrar nas células malignas. Essa modificação permitiu que as moléculas atingissem um desempenho equivalente ao de medicamentos já consagrados. Durante os testes, também foi identificado um gene específico nas células de leucemia que facilita a entrada dos peptídeos, um fator que pode abrir caminho para o desenvolvimento de novas terapias direcionadas.
Os próximos passos incluem testes em animais para avaliar a segurança e a eficácia do tratamento antes que os cientistas possam avançar para estudos clínicos em humanos.


