Mancha solar avistada por astrônomos pode quebrar recorde de longevidade

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Uma imensa mancha solar "geriátrica", apelidada atualmente de AR 14100, está completando sua terceira volta na face visível do Sol voltada para a Terra — um feito raro que atrai a atenção de astrônomos e especialistas em clima espacial.
A estrutura escura e gigantesca foi avistada pela primeira vez em 5 de abril de 2025, quando foi nomeada AR 14055. Desde então, desapareceu duas vezes atrás do Sol e ressurgiu com novos nomes a cada retorno, conforme a prática padrão para facilitar o rastreamento das suas atividades e impactos.
Segundo o portal Live Science, o que torna essa mancha solar tão notável é sua longevidade incomum. A maioria das manchas solares sobrevive por cerca de uma semana, e apenas as maiores conseguem reaparecer após a rotação solar de aproximadamente 27 dias. AR 14100, no entanto, tem mostrado uma persistência incomum, desafiando as estatísticas típicas de duração.
De acordo com o site especializado Spaceweather.com, ela pode estar no caminho para bater o recorde de longevidade para uma mancha solar, atualmente atribuído a uma ocorrência de 1919 que durou 134 dias.
Durante sua fase mais ativa, no início de maio, quando ainda era chamada de AR 14079, a mancha atingiu impressionantes 140 mil quilômetros de diâmetro — cerca de 11 vezes o tamanho da Terra — tornando-se a maior do ano até agora. Hoje, embora tenha encolhido para cerca da metade, continua ativa e estável, emitindo erupções solares que, dependendo da intensidade e direção, podem interferir em comunicações e satélites na Terra.
Manchas solares surgem quando partes do campo magnético do Sol rompem sua superfície, criando áreas mais frias e, por isso, visualmente mais escuras. Apesar de parecerem pretas nas imagens, essas manchas são apenas levemente menos quentes do que o restante da fotosfera solar. Elas são indicadores importantes da atividade solar e frequentemente associadas a tempestades solares e ejeções de massa coronal.
O ciclo atual de atividade solar, que atinge seu pico conhecido como "máximo solar", teve início em 2024 e já se mostrou mais intenso do que o previsto inicialmente. Em agosto de 2024, por exemplo, foi registrado o maior número de manchas solares diárias em mais de duas décadas — um total de 337 em um único dia. É dentro desse cenário de caos magnético que AR 14100 surgiu e se mantém, resistindo ao desgaste que costuma dissolver até as maiores estruturas em poucas semanas.
Observadores do céu e astrônomos amadores também estão fascinados pela longevidade de AR 14100. Harald Paleske, da Alemanha, tem fotografado a mancha desde sua primeira aparição e se mostra intrigado com sua durabilidade: "Estou curioso para ver quanto tempo a mancha solar ficará conosco. Esta é a terceira corrida pelo sol", disse ao Spaceweather.com.
Novas ferramentas
Com o avanço da tecnologia, os cientistas contam hoje com ferramentas como o Telescópio Solar Daniel K. Inouye, no Havaí — o mais poderoso do mundo — e até os rovers da NASA em Marte, que ajudam a observar as manchas solares do lado oculto do Sol. Esses recursos são essenciais para prever o comportamento de estruturas como AR 14100, especialmente no que diz respeito ao seu potencial de gerar tempestades solares perigosas para a Terra.
Apesar de impressionante, AR 14100 ainda está longe de alcançar o tamanho das manchas históricas, como a que causou o famoso Evento Carrington em 1859 — a maior tempestade solar já registrada. Ainda assim, sua estabilidade e longevidade tornam-na uma peça valiosa para o estudo do Sol e do espaço ao nosso redor.
Caso ela continue resistindo por mais algumas semanas, poderá entrar definitivamente para os registros como uma das manchas solares mais persistentes da era moderna.


