Máquina criada por da Vinci pode ajudar a desenvolver drones mais silenciosos

Embora seja mais conhecido por suas contribuições ao mundo da arte, Leonardo da Vinci é indiscutivelmente um dos maiores gênios que a humanidade já teve. Além de pintor, ele também se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, tornando-o digno de ser um dos maiores ícones do Renascimento.

E uma de suas invenções, apelidada de "parafuso aéreo", continua relevante até hoje. Proposta em 1480, essa criação é considerada uma espécie de precursor do helicóptero moderno, que nunca chegou a ser dignamente testada por da Vinci. E mesmo hoje, ela pode impactar em uma indústria bastante atual: a de drones.

Em um novo estudo, publicado recentemente no repositório arXiv, pesquisadores sugerem que esse engenhoso aparato, pensado como uma espécie de veículo aéreo, pode exigir menos energia para voar do que alguns métodos que utilizamos hoje, e, com isso, pode colaborar na qualidade de sustentação de drones — e, até mesmo, no desenvolvimento de drones mais silenciosos.

Vale mencionar que, quando idealizou o invento, da Vinci imaginou que ele seria acionado por humanos; de forma que o peso de uma pessoa certamente seria um grande empecilho na decolagem, o que o próprio inventor já imaginava. Porém, o que o estudo mostra é que é possível que essa máquina conseguisse voar, caso existissem motores elétricos há 5 séculos.

Para determinar isso, a equipe construiu um parafuso aéreo e o colocou em um túnel de vento virtual, que permitiu a reprodução de diferentes testes com velocidades variadas de rotação, para observar o comportamento do aparato. E foi apontado no estudo que o veículo poderia gerar a mesma sustentação girando mais lentamente; logo, consumindo menos energia.

Drones silenciosos

Além da diminuição no uso de energia para sustentação, outro aspecto que certamente chama atenção e que a pressão e os padrões de fluxo de vento em torno do parafuso mostraram ainda que o som que a máquina produz é consideravelmente menor que o design convencional usado hoje em objetos com a mesma finalidade.

Com isso, conforme conta o professor de engenharia mecânica da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, Rajat Mittal, em comunicado, "a ideia era reunir inspiração histórica e computação moderna para reimaginar um drone moderno mais silencioso".

Vale mencionar que outros grupos de pesquisa já estudaram hélices em forma de laço, estas menos barulhentas que as convencionais, que possuem pás planas, finas e com bordas angulares. Nestes casos, o barulho provém apenas de pequenos tornados de ar que sopram e se cruzam com as pás, segundo a Revista Galileu.

Porém, a equipe de Mittal supôs que o projeto de da Vinci poderia ser ainda mais silencioso que as hélices com forma de laço, propondo um formato em parafuso e lâmina única. Agora, os pesquisadores pretendem avaliar a possibilidade de o projeto do gênio renascentista ser mais eficiente, preservando ainda a redução de ruído.

Esse aprofundamento nos estudos pode, eventualmente, permitir o desenvolvimento de drones mais silenciosos, o que certamente é uma grande contribuição, tendo em vista o aumento do uso de drones nas cidades para entregas a domicílio. Vale destacar que, nos Estados Unidos, milhares de reclamações devido ao barulho de drones são feitas à Administração Federal de Aviação (FAA) anualmente, e a poluição sonora vem se tornando um grande problema nas grandes cidades.