Novo estudo sugere que o T. rex pode ter evoluído na América do Norte

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Há muito tempo, paleontólogos de todo o mundo acreditam no consenso de que o famoso Tyrannosaurus rex — mais conhecido meramente como T. rex —, um grande predador entre os dinossauros, surgiu na Ásia e eventualmente migou para regiões da América do Norte, quando o nível do mar baixou. Mas um novo estudo sugere que, na verdade, essa espécie se originou no "novo mundo".
Segundo o Live Science, o T. rex viveu entre 67 e 66 milhões de anos atrás, no período Cretáceo Superior. Ele podia atingir até 3,8 metros de altura nos quadris, e 12 metros de comprimento.
A maioria dos exemplares da espécie foram encontrados nos atuais estados de Montana e Dakota do Sul, nos Estados Unidos, além da província canadense de Alberta — área esta que, no passado, era parte de um continente insular conhecido como Laramidia, que ia desde onde hoje é o Alasca até o México.
O T. rex surgiu a partir de outros espécimes menores da linhagem dos tiranossaurídeos, esta cuja localização de origem ainda é tópico de debate, com alguns acreditando que possa ser na própria América do Norte, ou até mesmo na Ásia.
Um estudo de 2016 sugeriu que os ancestrais do T. rex surgiram na Ásia e migraram para a América do Norte, devido à relação anatômica mais próxima que a espécie possui com os tiranossaurídeos asiáticos que com os norte-americanos. O estudo mais recente, publicado na revista Royal Society Open Science, corrobora essa descoberta e sugere que, inclusive, o T. rex evoluiu na América do Norte.
"A origem geográfica do T. rex é objeto de intenso debate. Os paleontólogos estão divididos sobre se seu ancestral veio da Ásia ou da América do Norte", explica o autor principal do estudo, Cassius Morrison, doutorando na University College London, em comunicado. "Nossa modelagem sugere que os 'avós' do T. rex provavelmente vieram da Ásia para a América do Norte, cruzando o Estreito de Bering, entre o que hoje é a Sibéria e o Alasca".
Para o estudo, os pesquisadores utilizaram-se de um modelo baseado em onde e quando várias espécies de tiranossaurídeos foram descobertas, bem como suas árvores evolutivas e o clima local. E a partir disso, descobriram que os fósseis de T. rex estavam amplamente dispersos pela Laramidia, enquanto o ancestral desta espécie estava tanto na Laramidia, quanto na Ásia.
Logo, isso sugere que o ancestral do grande predador provavelmente foi quem migrou da Ásia para a América do Norte, há cerca de 72 milhões de anos, enquanto o próprio T. rex surgiu e existiu unicamente no continente americano.
"Isso está de acordo com descobertas de pesquisas anteriores de que o T. rex era mais próximo de primos asiáticos, como o Tarbossauro, do que de parentes norte-americanos, como o Daspletossauro", pontua Morrison no comunicado. "Dezenas de fósseis de T. rex foram descobertos na América do Norte, mas nossas descobertas indicam que os fósseis do ancestral direto do T. rex podem ainda estar desconhecidos na Ásia".
Predador gigante
Além de tratar da dispersão do ancestral do T. rex, o novo estudo também modelou como os tiranossaurídeos e os megaraptores — uma linhagem prima que podia atingir até 10 metros de comprimento e desenvolveu seu tamanho quase ao mesmo tempo que os tiranossaurídeos — conseguiram tamanhos tão grandes, com relação a seus ancestrais.
E segundo os pesquisadores, a chave para esse acontecimento está em um pico de temperatura global registrado há 92 milhões de anos, conhecido como Máximo Térmico Cretáceo (MTC). Esse período foi provocado após um pico de CO₂ e metano na atmosfera, provenientes de atividade vulcânica e tectonismo, que elevou as temperaturas da superfície do mar em algumas regiões para até 35 graus Celsius.
Após essa fase, quando os tiranossaurídeos e os megaraptores já viviam, a concentração de gases de efeito estuda e as temperaturas globais caíram, e estes grandes predadores podem ter prevalecido. Isso porque, com o frio, as espécies de dinossauros de grande porte — pelo menos maiores que estes em questão — foram praticamente extintas, o que deixou um nicho ecológico aberto para que estes predadores o preenchessem e, com isso, crescessem com relação aos ancestrais.
Nossas descobertas lançaram luz sobre como os maiores tiranossauros surgiram na América do Norte e do Sul durante o Cretáceo e como e por que eles cresceram tanto até o fim da era dos dinossauros", pontua Charlie Scherer, coautor do estudo, no comunicado.
"Eles provavelmente atingiram tamanhos tão gigantescos para substituir os terópodes carcharodontossaurídeos, igualmente gigantes, que foram extintos há cerca de 90 milhões de anos. Essa extinção provavelmente removeu a barreira ecológica que impedia os tiranossauros de atingirem tais tamanhos", complementa.
Por fim, um destaque no novo estudo é a apresentação de como o clima também pode ter afetado inclusive os maiores e mais dominantes dinossauros. "Parece que os tiranossauros conseguiram crescer várias vezes de forma independente, quando climas mais frios promoveram aumentos de tamanho", afirma Steve Brusatte, coautor do estudo de 2016, ao Live Science.
"Era mais fácil crescer quando as temperaturas eram baixas. Os reis dos dinossauros não estavam predestinados a governar, mas foram ajudados pelo clima", conclui Brusatte.


