Percevejos foram a primeira praga humana, indica estudo genético

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Os percevejos podem ter sido as primeiras pragas urbanas a evoluir em paralelo com os humanos. É o que sugere um novo estudo genético, que mostrou que a linhagem desses insetos associada a pessoas seguiu um padrão demográfico muito semelhante ao da nossa espécie ao longo da história.
Publicado na revista Biology Letters, o trabalho comparou o genoma completo de duas linhagens distintas de percevejos: uma que vive exclusivamente com morcegos e outra que passou a habitar os mesmos espaços que os humanos.
“Queríamos observar as mudanças no tamanho efetivo da população — o número de indivíduos que realmente contribuem para a próxima geração — porque isso revela muito sobre o passado da espécie”, explicou Lindsay Miles, autora principal do estudo, em comunicado.
Passado evolutivo
Enquanto a linhagem dos morcegos segue em declínio desde a última era glacial, há cerca de 20 mil anos, a dos humanos prosperou com a urbanização. Acredita-se que esse grupo tenha migrado com os Homo sapiens há cerca de 60 mil anos, quando deixaram as cavernas. Levando consigo parte da população de percevejos, deram origem a uma linhagem com menor diversidade genética, mas que acompanhou a expansão humana.
Miles aponta que esse crescimento coincide com o surgimento dos primeiros grandes núcleos habitados, como na Mesopotâmia, cerca de 12 mil anos atrás. Desde então, a convivência próxima com os humanos favoreceu o aumento populacional e a adaptação dos percevejos a ambientes urbanos.
“No início, ambas as linhagens mostraram uma queda populacional condizente com a era glacial; mas a linhagem associada aos morcegos nunca se recuperou e continua diminuindo. A parte realmente empolgante é que a linhagem associada aos humanos conseguiu se recuperar — e o tamanho efetivo de sua população aumentou", destacou a pesquisadora.
A pesquisa, liderada por Miles e pelo professor Warren Booth, também ajuda a entender como pragas urbanas se espalham e desenvolvem resistência a pesticidas. Em estudos anteriores, a equipe já havia identificado mutações genéticas ligadas à resistência dos percevejos a inseticidas como o DDT (diclorodifeniltricloroetano) .
“O interessante é observar o que aconteceu nos últimos 100 a 120 anos. Percevejos eram comuns no velho mundo, mas, com a introdução do DDT, as populações despencaram. Acreditava-se que haviam sido erradicados, mas em cinco anos começaram a reaparecer — já resistentes ao pesticida”, afirmou Booth.


