Primeiro transplante humano de bexiga é realizado na Califórnia

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Uma equipe médica no sul da Califórnia realizou o primeiro transplante de bexiga em um ser humano, marcando um avanço inédito para o tratamento de doenças graves do órgão.
A cirurgia foi conduzida no início deste mês por dois cirurgiões, um da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e outro da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em Oscar Larrainzar, de 41 anos, cuja bexiga havia sido comprometida por um câncer raro.
"Eu era uma bomba-relógio" disse Oscar, durante uma consulta recente. "Mas agora tenho esperança", destacou, segundo informações do The New York Times.
De acordo com a fonte, a equipe planeja mais quatro transplantes como parte de um estudo clínico que avalia segurança e eficácia antes de uma aplicação mais ampla. Segundo o Dr. Inderbir Gill, chefe da urologia da USC e um dos responsáveis pelo procedimento, a operação representa a abertura de uma nova porta para pacientes com dores incapacitantes, infecções urinárias recorrentes e inflamações crônicas.
Até então, os pacientes com bexiga removida geralmente recebiam segmentos do intestino para desviar ou armazenar urina — procedimentos que, apesar de funcionais, carregam altos índices de complicações, já que o tecido intestinal, naturalmente contaminado, é inserido no trato urinário, normalmente estéril.
O desenvolvimento da nova técnica, é importante destacar, levou anos. A dupla treinou em modelos animais, depois em cadáveres e, finalmente, em doadores com morte cerebral. O grande desafio era preservar os vasos sanguíneos da bexiga, que possui vascularização complexa. Para facilitar o implante, os cirurgiões uniram artérias e veias ainda durante a conservação do órgão, reduzindo o número de conexões no receptor.
Oscar, o primeiro paciente, era o candidato ideal. Ele já usava imunossupressores por causa de um transplante de rim anterior, o que contornava um dos principais riscos da cirurgia. Além disso, sua bexiga original havia sido quase totalmente removida, com capacidade reduzida a 30 ml — contra os mais de 300 ml de uma bexiga saudável.
Resultado surpreendente
A cirurgia durou oito horas. Os rins transplantados podem demorar dias para funcionar, mas o de Oscar começou a produzir urina imediatamente. Dois dias após a alta, ele surpreendeu a equipe ao conseguir urinar espontaneamente, sem cateter. O Dr. NimaNassiri, que operou ao lado de Gill, chamou de milagre: "É a primeira vez que ele consegue urinar em sete anos."
"Estou boquiaberto", reagiu Gill, ao ser informado durante outra cirurgia. Oscar sorriu, aliviado, e brindou com uma garrafa d’água. O futuro ainda exige cautela, mas para ele — e também para a medicina — o momento é histórico.


