Satélite da NASA em marte descobre 'manchas intrigantes' no solo do planeta

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Imagens de satélite de alta resolução revelaram padrões geométricos incomuns na superfície de Marte que lembram tinta escorrendo em uma parede — e que são surpreendentemente semelhantes aos encontrados em regiões frias da Terra.
Segundo um novo estudo publicado no periódico Icarus em 26 de março, essas estruturas podem indicar que Marte foi moldado por processos semelhantes aos terrestres, envolvendo gelo, solo e possíveis ciclos de congelamento e degelo.
Na Terra, essas formações são conhecidas como lóbulos de solifluxão, que surgem em encostas de regiões frias, quando o solo parcialmente congelado se descongela e desliza lentamente morro abaixo.
O movimento cria padrões ondulados e visíveis na paisagem. Detectar estruturas parecidas em Marte pode lançar luz sobre a antiga presença de água líquida e sobre as condições climáticas que o planeta vermelho enfrentou no passado.
“Essas formações podem nos ajudar a identificar vestígios de ambientes passados ou até presentes que poderiam sustentar ou limitar a vida em outros planetas”, afirmou à Live Science John Paul Sleiman, autor principal do estudo e doutorando em ciências da Terra e ambientais na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.
Análises
A pesquisa analisou imagens obtidas pela câmera HiRISE a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA. Os padrões observados em Marte seguem a mesma geometria dos encontrados nas Montanhas Rochosas, no Ártico e em outras regiões montanhosas e geladas da Terra.
Em comunicado divulgado juntamente ao artigo, a cientista Rachel Glade, coautora do estudo, comparou as estruturas a padrões comuns de fluidos em movimento, como tinta escorrendo por uma superfície.

Uma descoberta notável do estudo é que os lóbulos em Marte são, em média, 2,6 vezes mais altos que os da Terra. Os autores sugerem que isso pode ser resultado da gravidade mais baixa de Marte, que permitiria que as ondas de sedimentos se acumulassem mais antes de colapsar, formando estruturas maiores.
Embora os padrões reforcem a hipótese de que gelo e talvez água líquida estejam envolvidos na formação dessas formas, os dados de satélite sozinhos não permitem afirmar com certeza que a água teve um papel direto no processo.
Os pesquisadores recomendam experimentos laboratoriais para investigar se o gelo sozinho poderia gerar tais padrões, ou se a água líquida seria necessária.
As descobertas contribuem para o entendimento da história climática marciana e aumentam o interesse por regiões de alta latitude no planeta — onde essas formações são mais comuns — como alvos prioritários em futuras missões de exploração em busca de sinais de vida passada.


