Árvores antigas ‘conversam’ com as mais novas antes de eclipse, diz estudo

Tecmundo






Talvez um dos símbolos mais fantásticos de consciência ecológica, os Ents, personagens do escritor britânico J.R.R. Tolkien, são criaturas gigantes, parecidas com árvores, que usam suas características humanas para proteger as florestas. Esses imensos guardiões antropomorfos defendem as árvores comuns e atacam quem as destrói.
Recentemente, um estudo publicado na revista Royal Society Open Science revelou que, semelhante ao que ocorre no livro O Senhor dos Anéis, uma população de árvores gigantes, os abetos, realizam uma comunicação coletiva com toda a floresta antes de um eclipse solar, sinalizando a chegada da escuridão por meio de sinais bioelétricos.
Em um comunicado de imprensa, o primeiro autor do artigo, Alessandro Chiolerio, do Instituto Italiano de Tecnologia e Universidade do Oeste da Inglaterra, em Bristol, esclarece: "Agora vemos a floresta não como uma mera coleção de indivíduos, mas como uma orquestra de plantas correlacionadas em fase".
Gravando “conversas” de árvores

Durante um eclipse solar em outubro de 2022, a equipe de pesquisadores instalou sensores personalizados de baixa potência em abetos nas montanhas Dolomitas italianas para registrar suas respostas bioelétricas. Os dados mostraram que as árvores não apenas reagiram ao fenômeno, mas também sincronizaram sua atividade elétrica horas antes do eclipse, formando uma rede viva unificada que parecia coordenar respostas coletivas.
Descrevendo a complexa e sofisticada comunicação bioelétrica não física entre árvores, Chiolerio afirmou: “Ao aplicar métodos analíticos avançados — incluindo medidas de complexidade e teoria quântica de campos — descobrimos uma sincronização dinâmica mais profunda e até então desconhecida, não baseada em trocas de matéria entre árvores”.
A coautora-líder do projeto, Monica Gagliano, da Universidade Cruzeiro do Sul, na Austrália, define a sincronização como "wood wide web", algo como uma internet da madeira em tradução livre. Ela destaca que as respostas antecipatórias sugerem que árvores mais antigas possivelmente "memorizam" eventos como eclipses, e compartilham essas informações com árvores mais jovens por meio de sinais elétricos coordenados.
Sincronia florestal envolve conexões complexas entre árvores

O que a equipe observou durante o eclipse solar foi uma verdadeira “sincronia florestal”, na qual as árvores funcionavam como uma comunidade coordenada. O comportamento antecipatório não foi causado por mudanças ambientais imediatas, sugerindo que as árvores são capazes de detectar pistas gravitacionais do alinhamento Sol-Lua-Terra para prever o eclipse.
Para Chiolerio, "nosso estudo preenche a lacuna entre a física quântica e a ecologia, propondo que as florestas possam ser vistas através das lentes das interações quânticas de campo". Em entrevista à Newsweek, ele afirma que a pesquisa revela como os sistemas vivos estão interconectados para além do biológico, incluindo também dimensões físicas e energéticas.
Durante o eclipse, os ritmos elétricos se intensificaram, estabelecendo depois um padrão mais ordenado. “Esta descoberta ressalta a importância crítica de proteger florestas mais antigas, que servem como pilares da resiliência do ecossistema, preservando e transmitindo conhecimento ecológico inestimável”, conclui a professora Gagliano.
Você concorda que “As árvores têm memórias longas e ouvidos atentos”, como afirma o Barbárvore e os cientistas do estudo atual? Comente nas redes sociais, e aproveite para compartilhar a matéria com seus amigos élficos.


