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As novas funções de IA do WhatsApp permitirão que a Meta leia suas mensagens?
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As novas funções de IA do WhatsApp permitirão que a Meta leia suas mensagens?

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Tecmundo
07/05/2025 14h30
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©GettyImages
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Durante o LlamaCon, conferência da Meta dedicada à inteligência artificial, a empresa de Mark Zuckerberg anunciou que o WhatsApp receberá recursos de IA para resumir conversas e sugerir respostas automáticas. As funcionalidades, que dependem de servidores para funcionar, levantaram uma dúvida importante: isso significa que a plataforma poderá ler suas mensagens? A empresa tentou esclarecer.

A proposta, ainda em desenvolvimento, utiliza uma tecnologia chamada “Private Processing” (“Processamento Privado”, em tradução livre). Segundo a Meta, o objetivo é atender às “necessidades e aspirações” dos usuários com IA de forma segura e privativa.

Como funciona o “Processamento Privado” da Meta?

O Processamento Privado é descrito como um fluxo de dados dedicado que permite à IA da Meta ler conteúdos enviados para ela, mas por tempo limitado e de forma que não possa ser rastreada. A tecnologia utiliza várias camadas de criptografia e canais seguros de comunicação para transferir o conteúdo até um Ambiente de Execução Confiável (TEE, na sigla em inglês).

Meta AI
A Meta vai intensificar o uso de IA em ferramentas para o WhatsApp, mas precisa preparar o terreno para isso. (Fonte: Meta/Reprodução)

O processo segue os seguintes passos:

  1. O Processamento Privado obtém credenciais anônimas que garantem que as futuras requisições venham de usuários reais do WhatsApp;
  2. Ele então busca chaves públicas de criptografia HPKE de redes terceirizadas de distribuição de conteúdo (CDNs) para implementar o protocolo Oblivious HTTP (OHTTP);
  3. Uma conexão OHTTP é estabelecida entre o dispositivo e uma gateway da Meta, por meio de uma retransmissão terceirizada que oculta o IP do solicitante;
  4. Em seguida, inicia-se uma sessão segura via Remote Attestation com TLS (RA-TLS) entre o dispositivo do usuário e o TEE;
  5. A solicitação — como um pedido para resumir mensagens ou sugerir respostas — é enviada criptografada de ponta a ponta, com uma chave temporária que nem a Meta nem o WhatsApp podem acessar;
  6. O modelo de linguagem (LLM), executado em uma máquina virtual confidencial (CVM), processa o conteúdo sem armazenar mensagens ou metadados;
  7. A resposta da IA é então enviada ao usuário, também criptografada com a chave de acesso restrito;
  8. Após a conclusão, todos os dados da sessão são excluídos.

O WhatsApp vai ler suas mensagens?

Segundo a Meta, não. Nem o WhatsApp, nem a empresa terão acesso direto às suas mensagens — mas os modelos de IA, como o Llama, hospedados nos servidores da empresa, sim. Ou seja, o conteúdo será acessado temporariamente por esses modelos para realizar o processamento, o que na prática significa que a IA da Meta terá contato com as mensagens, embora o sistema seja projetado para manter tudo sob sigilo.

Foto de um celular com a logo da Meta
A Meta não lerá suas mensagens, mas seus modelos, sim. (Fonte: GettyImages)

O WhatsApp continua operando com criptografia de ponta a ponta, em que apenas remetente e destinatário possuem as chaves de leitura. Em geral, as mensagens não são processadas em nuvem — o servidor apenas intermedia a entrega entre dispositivos.

A estratégia da Meta com o Processamento Privado é simular essa comunicação direta entre usuário e IA, sem expor a identidade do solicitante à própria empresa. Mesmo assim, o contato com os modelos de IA implica em novas camadas de risco.

Quais são os riscos do Processamento Privado?

Apesar das proteções implementadas, o sistema ainda apresenta pontos vulneráveis, reconhecidos pela própria Meta. Entre os riscos estão:

  • Ataques à infraestrutura da Meta;
  • Comprometimento de fornecedores terceirizados ou componentes da cadeia de suprimentos;
  • Usuários mal-intencionados que exploram brechas para atingir outros na plataforma.

Ainda que as comunicações sejam criptografadas e o processamento ocorra em ambientes isolados, o aumento da complexidade também amplia a superfície de ataque do serviço.

Proteções adicionais

Para mitigar os riscos, a Meta afirma que todo o processamento ocorre em ambientes inacessíveis por outros sistemas, com interações criptografadas de ponta a ponta. Também foi proibido o acesso remoto ao shell dos ambientes de Processamento Privado e das máquinas que os hospedam, com medidas adicionais para isolar o código.

Todos os recursos de IA serão de uso totalmente opcional, e também é possível desligar tudo ao ativar o novo modo “Privacidade Avançada.

Em resumo: o WhatsApp vai ler suas conversas?

Tecnicamente, não. O WhatsApp e a Meta não terão acesso direto ao conteúdo das suas mensagens. Porém, os modelos de IA da própria empresa terão, mesmo que por tempo limitado e de forma restrita. A proposta da Meta é garantir que, mesmo nesse processo, as informações permaneçam privadas e não possam ser rastreadas.

Apesar do esforço para criar um sistema seguro, a nova abordagem adiciona complexidade ao ecossistema e pode gerar desconfiança, especialmente diante do histórico da Meta com privacidade.

De toda forma, a empresa reconhece que as novidades podem não ser bem-vindas pela comunidade e, por isso, todas serão opcionais. Além disso, a transparência também é um dos princípios da empresa nesse projeto, portanto tudo que envolve o “Processamento Privado” será devidamente destacado.

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Todos os recursos que envolvem o Processamento Privado serão destacados e opcionais. (Fonte: GettyImages)

Por enquanto, não há previsão para o lançamento das ferramentas com IA em conversas do WhatsApp.

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Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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