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Igrejas viraram data centers? Templos religiosos usam apps como ferramentas de vigilância
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Igrejas viraram data centers? Templos religiosos usam apps como ferramentas de vigilância

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Tecmundo
08/09/2025 21h55
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©Pexels
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As igrejas estão se transformando em data centers, e a fé, em um produto monitorável. É o que indica um novo documentário de investigação jornalística da MIT, que expõem como templos religiosos nos Estados Unidos estão usando plataformas de dados e IA como ferramentas de vigilância e proselitismo político. Longe de ser uma novidade inocente, essa tecnologia visa rastrear e perfilar indivíduos vulneráveis, como pessoas endividadas, com problemas de saúde mental ou vícios, para atraí-las e, em última instância, radicalizá-las.

O app Gloo, cuja empresa é chefiada pelo ex-gerente executivo da Intel, Pat Gelsinger, supostamente vendem sistemas que analisam dados dos fiéis, como frequência de cultos, doações e até palavras-chave em pedidos de oração. As informações são cruzadas com dados externos, como histórico de crédito e hábitos de consumo, pra criar um perfil espiritual de cada pessoa. Com isso, as igrejas conseguem enviar mensagens personalizadas e campanhas de doações. 

Algumas igrejas chegam a usar reconhecimento facial para monitorar quem entra e sai. O objetivo é auxiliar as igrejas a se conectarem, se engajarem e conhecerem seus membros em um nível mais profundo. No entanto, o enfoque subjacente é um pouco mais sombrio. Ela permite que igrejas, grandes e pequenas, coletem dados sobre seus congregados para construir perfis detalhados de suas vidas, incluindo problemas pessoais e financeiros. Esse modelo, que trata os fiéis como "clientes" a serem engajados, levanta sérias questões sobre a privacidade e a natureza da confiança na fé.

Ide e pregai o… algoritmo?

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A Gloo pretende construir um perfil “rico e maior do que qualquer impressão superficial”, afirma (Imagem: CBN). 

A tática de vigilância tem como alvo a população mais suscetível. A plataforma, acessível a milhares de igrejas em todo o país, permite identificar áreas geográficas com altas taxas de divórcio, dependência de opioides ou dificuldades financeiras. A justificativa oficial é oferecer ajuda, mas a denúncia aponta que a verdadeira intenção é monetizar a vulnerabilidade dos fiéis por doações e, sobretudo, convertê-los a uma agenda política radical. A tecnologia de dados, que pode parecer uma ferramenta de "ajuda", na verdade, se torna um mecanismo de recrutamento, minando a autonomia e a privacidade dos indivíduos.

A crescente adoção dessas ferramentas de vigilância nas igrejas está alterando fundamentalmente a relação entre os fiéis e suas comunidades. O que antes era uma conexão baseada na confiança e na fé agora é mediado por algoritmos. A eficiência prometida por essa abordagem tecnológica, onde a fé é gerenciada por métricas de engajamento, ameaça a essência das relações interpessoais e comunitárias que são o pilar de muitas religiões. 

Construção de comunidade ou estratégia mercadológica?

fé igreja oração
Fiéis rezam em igreja nos Estados Unidos (Imagem: Vineyard USA). 

A Gloo, uma das principais empresas no mercado de "faith-tech", busca inserir o setor religioso na era do conhecimento algorítmico. A companhia se apresenta como a principal plataforma para conectar o "ecossistema da fé", e seu modelo de negócios tem atraído um investimento de milhões de dólares. No entanto, as evidências sugerem que essa abordagem tecnológica não é neutra. Ao coletar informações pessoais e comportamentais dos fiéis, a plataforma cria um perfil "muito mais rico do que qualquer impressão superficial", permitindo que as igrejas otimizem a "missão" por meio da análise de dados.

O uso de IA para "ajudar" os fiéis levanta uma questão crucial sobre a moralidade da tecnologia e sua aplicação em questões de fé e ética. Enquanto a Gloo afirma que sua tecnologia é "alinhada a valores bíblicos", críticos questionam se uma ferramenta sem alma pode realmente oferecer uma orientação espiritual legítima. A perigosa convergência entre fé e vigilância, tem o potencial de minar a autonomia dos indivíduos e transformar a igreja em um instrumento de poder e controle. 

Para mais informações sobre como a tecnologia está moldando o futuro das instituições e da sociedade, continue acompanhando as notícias do TecMundo.

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