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A Anunciação: O primeiro quadro pintado por Leonardo da Vinci
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A Anunciação: O primeiro quadro pintado por Leonardo da Vinci

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Aventuras Na História
06/07/2025 14h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16556119/original/open-uri20250706-35-73lpav?1751810706
©Getty Imagens
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Leonardo da Vinci, o grande gênio renascentista, tinha apenas vinte e poucos anos quando concluiu sua primeira obra conhecida, ainda como aprendiz na oficina do mestre Andrea del Verrocchio.

A Anunciação, pintada entre 1472 e 1475, marca o início da trajetória do artista que, apesar da pouca idade, já demonstrava um domínio impressionante da perspectiva, um apurado senso de observação da natureza, além de um refinamento técnico que anunciavam a chegada de um talento fora do comum.

De acordo com o portal National Geographic, a obra de 100 x 221 centímetros retrata o momento bíblico em que o Arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que ela será mãe do Filho de Deus. Como era costume na arte religiosa da época, a cena se passa em um jardim murado — o hortus conclusus, símbolo da virgindade de Maria — e é ambientada nos arredores de um palácio renascentista.

Obra coletiva?

Como destaca a fonte, Leonardo insere elementos em Anunciação que, mais tarde, se tornariam marcas registradas de sua obra: a atenção à paisagem, o tratamento atmosférico da profundidade e um olhar científico sobre a anatomia e a luz.

Durante séculos, no entanto, a obra pintada a óleo e têmpera sobre madeira de choupo foi creditada a outro pintor: Domenico Ghirlandaio, também aluno de Verrocchio.

A pintura permaneceu na sacristia da Igreja de San Bartolomeo a Monteoliveto, nos arredores de Florença até 1867, quando foi transferida para a Galeria Uffizi. Foi então que estudiosos começaram a reconsiderar sua autoria, reconhecendo as características inconfundíveis da mão jovem de Leonardo.

Ainda assim, muitos acreditam que se trata de uma obra coletiva, o que era comum nas oficinas renascentistas. O rosto do anjo Gabriel, por exemplo, com cabelos encaracolados muito planos e uma expressão menos refinada, é frequentemente atribuído a Ghirlandaio.

Detalhe de A Anunciação / Crédito: Getty Images

As asas do anjo também parecem ter sido alteradas por outra mão: originalmente mais curtas e naturalistas, elas foram posteriormente alongadas para parecerem mais majestosas — um retoque que compromete, em parte, a verossimilhança anatômica proposta por Leonardo, que estudava minuciosamente o voo dos pássaros.

Falhas sutis

A pintura revela outros sinais da juventude do artista. A perspectiva da arquitetura apresenta falhas sutis: o braço da Virgem está desproporcionalmente longo e algumas pedras do muro parecem exageradas em tamanho.

No entanto, esses "erros" podem ser, na verdade, tentativas de corrigir a distorção visual percebida pelo espectador da época, cujo ponto de vista estaria dois ou três metros abaixo e à direita da pintura. Ou seja, Leonardo possivelmente já experimentava formas de ilusão ótica que seriam refinadas ao longo da vida.

No lado direito do quadro, a paisagem revela escarpas rochosas típicas do estilo leonardesco, desaparecendo suavemente na névoa. Essa técnica, conhecida como "perspectiva atmosférica", cria profundidade por meio da gradação de tons e contornos esmaecidos, algo que Leonardo descreveria mais tarde em seu tratado de pintura.

No horizonte, ele acrescenta uma cidade portuária — uma possível referência simbólica a Maria como Stella Maris (Estrela do Mar), e à Igreja como porto seguro da alma humana.

Detalhes da obra / Crédito: Getty Images

Entre os símbolos tradicionais, destaca-se o lírio-branco segurado por Gabriel — emblema da pureza de Maria. A Virgem, por sua vez, aparece lendo um livro, uma cena comum na arte cristã renascentista. Afinal, representar a mãe de Jesus em um momento de leitura — uma atividade até então praticamente masculina — era uma forma de exaltá-la como figura culta e espiritual, em sintonia com os valores do humanismo nascente.

Outros detalhes

Detalhes como o véu translúcido sobre o suporte do livro revelam o virtuosismo técnico precoce de Leonardo, especialmente em sua capacidade de pintar transparências e texturas.

Vale destacar que a arca ricamente decorada que serve de apoio ao livro não é um simples móvel: trata-se de uma réplica estilizada do túmulo de Pedro e João de Medici, respectivamente tio e pai de Lourenço o Magnífico, na Basílica de San Lorenzo, também obra de Verrocchio. Cada detalhe, como as patas de leão que a elevam, simbolizam o poder e a soberania da família Médici, os quais são vinculados à Virgem.

Outro aspecto curioso da obra é a ausência de spolvero, a técnica de transferir desenhos para a tábua com auxílio de pó de carvão. Isso indica que Leonardo pode ter desenhado diretamente sobre a madeira — o que explicaria a quantidade de pentimenti (arrependimentos), como correções visíveis na posição do braço de Maria ou nas mechas de cabelo descartadas, cobertas pelo vestido da Virgem.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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