Home
Entretenimento
A paixão 'esquecida' de Van Gogh pelo Japão
Entretenimento

A paixão 'esquecida' de Van Gogh pelo Japão

publisherLogo
Aventuras Na História
22/06/2025 16h00
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16547353/original/open-uri20250622-56-eslr0v?1750608665
©Divulgação/ Museu Van Gogh
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

O amarelo, o girassol, o autorretrato… O pintor holandês Vincent van Gogh possui referências claras que marcaram suas pinturas deslumbrantes. Mas uma inspiração nem sempre é recordada da forma como deveria: a arte japonesa. 

Essa ligação entre Van Gogh e o Japão ganha um novo capítulo através da exposição Uma Renovação da Paixão: O Impacto de Van Gogh, a primeira mostra sobre o artista sediada em um museu japonês. 

O Museu de Arte Pola, situado a cerca de 90 quilômetros de Tóquio, possui três pinturas a óleo originais de Van Gogh em seu acervo — mais do que qualquer outro museu japonês —, todas pintadas na França entre 1888 e 1890: A Ponte Gleize sobre o Canal Vigueirat, Moitas de Grama e Vaso de Flores com Cardos

A Ponte Gleize sobre o Canal Vigueirat - Pola Museum of Art

A exposição também inclui três pinturas adicionais de Van Gogh emprestadas de outras coleções japonesas, incluindo Camponesa (1885) do Museu de Arte Moderna Morohashi. Mas qual a ligação de Van Gogh com o Japão?

Japão: Uma inspiração para Van Gogh

Van Gogh, nascido em 1853, passou o começo de sua carreira trabalhando para um negociante de arte. Ele só começou a se dedicar à pintura em 1880. Seu primeiro contato com gravuras japonesas ukiyo-e — xilogravuras coloridas como "A Grande Onda" (1831) — ocorreu enquanto trabalhava na Antuérpia em 1885, conforme relara o New York Times. 

No ano seguinte, Vincent se mudou para Paris, onde começou a desenvolver seu característico estilo pós-impressionista característico. Nesses anos, a arte japonesas exerceu uma grande influência em seu estilo. 

Pouquíssimos artistas na Holanda estudaram arte japonesa", afirma o Museu Van Gogh. "Em Paris, por outro lado, a arte estava na moda. Foi lá que Vincent descobriu o impacto que a arte japonesa estava tendo na Europa, quando decidiu modernizar a sua própria arte".

Depois de se estabelecer na Cidade-Luz, o holandês adquiriu cerca de 600 xilogravuras japonesas negociadas pelo alemão Siegfried Bing. Van Gogh tentou revendê-las, sem sucesso. Assim, acabou as pendurando nas paredes de seu estúdio. 

"É difícil imaginar como seriam suas obras sem essa fonte de inspiração", disse Nienke Bakker, cocuradora de uma exposição sobre as influências japonesas de Van Gogh em 2018, ao Times. "Isso realmente o ajudou a encontrar o estilo que todos nós conhecemos."

Van Gogh pelos olhos japoneses

E não só Van Gogh admirava a arte japonesa, como os artistas japoneses também eram fascinados por suas telas. Segundo o Art Newspaper, na década de 1910 (anos após o suicídio do holandês, em 1890), artistas e escritores nipônicos passaram a apreciá-lo.

Desde o final da era Meiji no Japão (1868–1912), a "abordagem intensamente pessoal e apaixonada de van Gogh pela arte e a dedicação inabalável de sua vida a ela comoveram profundamente aqueles envolvidos nas artes e deixaram um impacto em muitas áreas da cultura e da sociedade", de acordo com uma declaração do Museu Pola.

Um exemplo dessa admiração está presente na arte de Kishida Ryusei, um dos primeiros artistas japoneses a se inspirar na obra de Van Gogh. O Museu Pola exibe seu autorretrato de 1912, que "[ecoa] a pincelada enérgica e o colorido forte de Van Gogh", segundo o Art Newspaper. Outra obra de destaque é Girassóis (1923), de Nakamura Tsune — uma clara homenagem a um dos temas florais mais famosos do artista holandês.

O acervo da mostra também conta com uma pintura de Maeta Kanji, que retrata as lápides de Van Gogh e de seu irmão, Theo, lado a lado em Auvers-sur-Oise, França. O artista viajou até a Europa para pintar os túmulos ao vivo.

Uma Renovação da Paixão: O Impacto de Van Gogh também destaca artistas japoneses que foram contemporâneos ao holandês, como Kuwakubo Toru que, assim como Vincent, utilizou do impasto — uma técnica que envolve tintas a óleo em camadas espessas. Sua obra O Estúdio de Vincent Willem van Gogh, de 2015, exibe uma orla urbana repleta de obras de Van Gogh.

Já o fotógrafo Morimura Yasumasa criou autorretratos que mesclam seu próprio rosto com imagens históricas e pinturas icônicas, como uma interpretação do Autorretrato com Orelha Enfaixada e Cachimbo (1889), de Van Gogh; obra que o holandês pintou após ter amputado parte de sua própria orelha durante um período de doença mental.

Autorretrato de Morimura Yasumasa - Pola Museum of Art

Com a deterioração de sua saúde mental, a paixão de Van Gogh pelo Japão diminuiu. "A natureza de sua admiração havia mudado", disse Bakker ao Times. "Ela [arte japonesa] se integrou ao seu estilo, mas não é mais seu modelo artístico."

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também